VATICANO, 10 de mar de 2011 às 14:46
Em seu tradicional encontro ao início da Quaresma aos párocos da diocese de Roma (Itália) da qual é Bispo, o Papa Bento XVI afirmou esta manhã que um sacerdote não deve pregar "um cristianismo à minuta, segundo os próprios gostos".
Na lectio divina com os sacerdotes acompanhados pelo Vigário para a diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini, na Sala da Bênção no Vaticano, o Santo Padre explicou que um presbítero não deve pregar o Evangelho "segundo as próprias idéias preferidas, segundo as próprias idéias teológicas".
O sacerdote, precisou o Papa, "não está isento de anunciar toda, toda a vontade de Deus, inclusive a vontade incômoda, também em temas que pessoalmente não gostem tanto".
Conforme informa Rádio Vaticano, Bento XVI ressaltou que um sacerdote não pode ser um burocrata nem um mero administrador.
O Sacerdote "não é um patrão da fé” e não se pode ser padre em tempo parcial, mas sim com toda a alma e coração. “Este ser com Cristo e ser embaixador de Cristo, este ser para os outros é uma missão que penetra o nosso ser”, destacou o Papa. ".
No serviço sacerdotal é necessária a humildade, que não é exibir uma "falsa modéstia", mas o amor pela vontade de Deus, que graças à humildade do servidor pode ser anunciada em sua integridade, sem condicionamentos ou preferências, sem "criar a idéia de que o cristianismo é um pacote imenso de coisas a ser aprendidas".
O Santo Padre animou os sacerdotes à conversão pessoal "sobre tudo a do pensamento e do coração, para os que a realidade não são as coisas tangíveis ou os fatos do mundo assim como estes se apresentam, mas a realidade é reconhecer a presença de Deus no mundo. Desta visão o sacerdote deve conduzir seu ‘corrida' no mundo, sem perder nunca a força dos inícios".
"Não percamos o zelo, a alegria de sermos chamados pelo Senhor, deixemo-nos renovar nossa juventude espiritual, a alegria de poder andar com Cristo até o fim, de 'levar a corrida ao fim’ sempre no entusiasmo de ser chamados por Cristo para este grande serviço".
O Papa assinalou logo que o sacerdote, como São Paulo, não deve pensar somente em sua "sobrevivência biológica". "É certo, custodiar-se é necessário, mas sem esquecer que oferecer-se a si, até o dom da vida, assimila o sacerdote ao seu modelo, Cristo".
"Somente Deus pode fazer-nos sacerdotes, somente Deus pode escolher os seus sacerdotes e se somos escolhidos, somos escolhidos por Ele. Aqui aparece claramente o caráter sacramental do sacerdócio, que não é uma profissão que deve ser feita porque alguém deve administrar todas as coisas. É uma eleição feita pelo Espírito Santo".
Todo sacerdote, explicou Bento XVI, está também chamado a "velar" e rezar intensamente: "'velem por vocês mesmos': estejamos atentos também à nossa vida espiritual, a nosso ser com Cristo. Rezar e meditar a Palavra de Deus não é um tempo perdido para a cura das almas, mas é condição para que possamos estar realmente em contato com o Senhor e assim falar de primeira mão do Senhor aos outros".
Finalmente e após recordar que a Igreja sempre foi e estará sempre ameaçada, o Santo Padre disse que "a verdade é mais forte que a mentira, o amor é mais forte que o ódio, Deus é mais fortes que todas as forças adversas... a Deus. E com esta alegria, com esta certeza interior tomemos nosso caminho nos consolos de Deus em meio das perseguições do mundo".