Saitama, 21 de mar de 2011 às 15:01
A irmã Ana Alvarado, uma religiosa peruana das Irmãs Missionárias da Imaculada Concepção que radica o Japão, há oito anos, afirmou à agência ACI Prensa em espanhol que as comunidades religiosas continuarão com sua missão embora muitos estrangeiros optem por deixar o país depois do desastre nuclear de Fukushima.
Em comunicação com a ACI Prensa no dia 18 de março, a religiosa explicou a dramática situação dos milhares de japoneses evacuados que chegaram à diocese de Saitama, localizada a 180 quilômetros ao sul de Fukushima e a 70 quilômetros de Tóquio.
Em Saitama "optamos por acolher a famílias danificadas. Nós também temos afetados mas não tantos como nossos irmãos do norte, é por isso que foi enviado um comunicado a todas as paróquias, conventos e a todos os paroquianos pedindo alojamento para os danificados da diocese de Sendai", cujos centros de evacuação já estão ao máximo de sua capacidade.
A religiosa, encarregada da pastoral latina em Saitama, explicou que há muito temor entre a população pelas explosões da usina nuclear de Fukushima e isto multiplica o número de deslocados que foge da região afetada.
"Recebi muitas ligações de peruanos que decidiram retornar ao Peru por causa da situação, desde ontem (17 de março) estou acompanhando a algumas pessoas a tramitar seus documentos ou ir aos hospitais para recolher seus resultados e levá-los ao Peru para continuar seus tratamentos em seu país", afirma.
A irmã Ana reconhece que a realidade é difícil, mas assegura que "mais que nunca sinto que minha missão está aqui, agora. Acompanhar as pessoas que ficam e me desprender das pessoas que se vão, dentro deles muitos líderes de nossas paróquias, espero que a experiência de fé que viveram aqui eles possam compartilhar onde quer que vão".
A religiosa destacou a solidariedade e prontidão da comunidade católica latina em Saitama, onde muitos estão dispostos a acolher famílias do norte. A Diocese está elaborando um plano de ação começar o traslado das famílias danificadas.
"É o que podemos fazer por enquanto como Igreja. Já com a experiência de há dois anos quando começou a crise econômica mundial, nossas paróquias abriram suas portas e corações para acolher muitos irmãos que ficaram sem trabalho e sem um lugar onde viver", recorda a religiosa.
A irmã Ana assegura que o início desta Quaresma "vai ficar gravado em nossos corações, junto com Cristo estamos vivendo o Via Crucis caminho ao Calvário mas confiados de que no final chega a ressurreição com Ele".
As Missionárias da Imaculada Conceição têm 21 religiosas no Japão, oito delas vivem em Fukushima, onde permanecem encarregadas de uma escola onde estão terminando o ano escolar.
"Ao ver os noticiários, é verdade que há imagens muito duras e tristes, mas ao escutar as pessoas agradecer por estar vivos e ver a alegria em seus rostos por saber que um de seus familiares, vizinhos ou amigos está vivo, as lágrimas não param de cessar em nós", sustenta.
A irmã Ana explicou que o "Japão é visto como um país poderoso, rico e com muita tecnologia, mas o coração do Japão só vemos com o coração".
"Em todas as entrevistas de televisão as pessoas dizem 'Gambarimasu' (NDR: expressão coloquial japonesa para dar ânimo às pessoas). Eu sinto que nesta frase muita gente expressa sua esperança. É obvio que para eles é doloroso ver que perderam todo o material mas a alegria de estar vivos é mais forte".