SÃO PAULO, 22 de mar de 2011 às 14:41
Em Diário de uma amizade – A família Półtawski e Karol Wojtyła, lançamento da Paulus, Wanda Półtawska torna pública a sua fraterna relação com um jovem sacerdote que anos depois se tornaria o Papa João Paulo II.
A obra foi lançada originalmente em 2009, na Polônia, com o título Beskidzkie rekolekcje. Em 2010, foi publicada na versão italiana, com o título Diário di un’amicizia – La famiglia Półtawski e Karol Wojtyła. Este ano, o livro que apresenta as lembranças da médica polonesa, hoje com 89 anos, e as cartas trocadas com o Santo Padre ao longo de sua vida foi lançado em português.
Entre outros relatos, a autora conta que viveu horrores no campo de concentração de Ravensbrück, localizado na antiga Alemanha Oriental, sendo submetida pelos médicos nazistas a uma cirurgia com fins experimentais e a pesados sofrimentos físicos.
Depois de muitas atrocidades e com a derrota da Alemanha ela pôde, enfim, regressar à Polônia. Porém, não conseguia encontrar para si um lugar tranquilo no mundo e, profundamente marcada por essa experiência, dedicou-se à medicina e à psiquiatria com o objetivo de decifrar o porquê de os homens serem capazes de tamanha selvageria.
Casada e com muitos afazeres por conta da profissão, Wanda relata que não alcançava a paz interior; a vida familiar e profissional não lhe bastava. Procurava alguém que a entendesse e ajudasse, até que, naquela busca incessante, deparou-se com a figura de um sacerdote: Karol Wojtyła.
“Não aconteceu nada de extraordinário, mas o modo de tratar, o tom e aquilo que ele disse atingiram o alvo e corresponderam àquilo de que eu necessitava. Tive imediatamente a certeza de que voltaria àquele sacerdote, pois me compreendia. Lembro-me daquela incrível sensação de alívio pelo fato de que existia alguém que finalmente me compreendia”. Daí em diante, o então padre Wojtyła tornou-se seu confessor e diretor espiritual.
Desde o início da amizade, a médica polonesa escrevia seus pensamentos ao padre, pois, juntos, tinham o costume de meditar pela manhã, após a missa. Karol Wojtyła escolhia um texto sobre o qual refletiam ao longo do dia, e à tarde discutiam-no. Quando não era possível se reunirem, o sacerdote anotava os textos destinados para cada dia e ela descrevia aquilo que pensava sobre o assunto, para depois entregar-lhe.
Wanda também compartilha com o leitor a carta de Karol Wojtyła na qual ele pede ao Padre Pio (canonizado pelo papa João Paulo II) sua intercessão para o caso de um câncer gravíssimo que ela padeceu e, em seguida, a carta de agradecimento pela cura milagrosa da amiga, antes mesmo da cirurgia.
Lidos e aprovados pelo papa João Paulo II – que, durante um almoço na presença de Józef Michalik, disse a Wanda: “Deves escrever as tuas memórias” –, os textos da obra Diário de uma amizade – A família Półtawski e Karol Wojtyła apontam que a direção espiritual e a proximidade pessoal do sacerdote permitiram à autora compreender o sentido da vida, pelo qual clamava o seu coração, além de mostrar como o amor respeitoso de Wanda e de sua família para com o Santo Padre pôde ajudá-lo também em sua caminhada na fé.
Diário de uma amizade é fruto da longa amizade com Karol Wojtyła, que continuou também quando ele se tornou Papa João Paulo II.
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