Buenos Aires, 28 de mar de 2011 às 11:48
Na homilia da Missa que presidiu no Dia da criança por nascer (Dia do Nascituro) em 25 de março, o Arcebispo de Buenos Aires e Primaz da Argentina, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, alentou a cuidar a vida com amor e coragem, sem "anestesias" que entorpecem este dever dos que são bons.
Ante uma Catedral repleta de fiéis, o Cardeal disse que os cristãos devem questionar-se "como recebemos a vida, como a acompanhamos, porque às vezes não percebemos o que é a fragilidade de uma vida".
Neste Ano pela Vida, decretado pelos bispos argentinos quando na câmara de deputados se debate uma lei que despenalizaria o aborto, o Cardeal Bergoglio disse que "possivelmente não caiamos na conta dos perigos que a vida de uma pessoa desde criança, desde sua concepção até sua morte, tem que atravessar então a pergunta que eu queria lhes fazer hoje, olhando para Maria que acompanha a vida, é: Sabemos acompanhar a vida?"
"A vida de nossas crianças, de nossos filhos e dos que não os são. Sabemos dar às crianças estímulos em seu crescimento? Sabemos colocar limites à sua educação? E as crianças que não são nossas, aqueles que -e perdoem a expressão- parecem as crianças de ninguém' me preocupam também?"
Ante as famílias presentes na Catedral, o Primaz da Argentina recordou que "neste Ano da Vida, o Papa quer que vejamos todo o curso da vida, em cada passo esteja Maria aqui. A que cuidou a vida desde o começo e a segue cuidando em nós como Igreja que está caminhando. O pior que nos pode acontecer é que careçamos de amor para cuidar a vida e Maria é a mulher do amor. Se não houver amor não há lugar para a vida".
"Sem amor há egoísmo e as pessoas se contorcem para acariciar-se a si mesmas. Amor pedimos hoje a Maria para cuidar a vida. Amor e coragem. Alguém me poderá dizer: 'Mas Pai, nesta civilização mundial que parece apocalíptica, como poderemos levar o amor em meio de tantas contradições e cuidar a vida até suas últimas conseqüências?"
Seguidamente recordou uma frase "muito dura" e muito atual do Papa Pio XI: "o pior que nos passa não são os fatores negativos da civilização mas o pior que nos sucede é a sonolência dos bons".
Finalmente o Cardeal questionou os presentes: "Vocês têm coragem para assumir este caminho que assumiu Maria de cuidar a vida desde o começo até o final? Ou você está sonolento? E se o está. O que é o que te anestesia?"
"Porque Maria não conhecia anestesias ao amor. E hoje pedimos a ela: 'Mãe, que amemos a sério, que não sejamos sonolentos, e que não nos refugiemos nas mil e uma anestesias que nos apresenta esta civilização decadente'", concluiu.
Depois da Eucaristia, rezou-se um "Terço pela vida". Esta oração começou a ser rezada em 25 de março de 2004 por iniciativa de um grupo de mulheres. A data foi escolheu em coincidência com a festa religiosa da Anunciação de Maria Virgem.
A Igreja recorda esta jornada a apresentação da encíclica "O Evangelho da Vida", de João Paulo II (1995), e no país, a data foi escolhida desde 1998 como Dia da Criança por Nascer.
O primeiro "Terço pela vida" teve lugar na praça Pizzurno, em frente ao Ministério de Educação, logo continuou na paróquia Nossa Senhora do Pilar, do bairro portenho da Recoleta, e com o tempo, a devoção Mariana se estendeu a outras dioceses para pedir o respeito da vida nascente.
Os fiéis que participaram da Missa e da oração no templo portenho levaram leite em pó para bebês, que será doada aos lares de mães solteiras "Amparo Maternal" e "Nossa Senhora de Nazaré".