BRUXELAS, 9 de abr de 2011 às 07:45
Os bispos europeus expressaram sua preocupação pela “situação de opressão” na qual vivem os cristãos do Oriente Médio e pelo “perigo de desaparecer o Cristianismo nos lugares onde nasceu e existiu por dois mil anos”
Esta foi a tônica da sessão plenária de primavera da Comissão dos bispos da Comunidade Européia – COMECE, que teve como tema “A Igreja cristã no Magreb e no Mashriq”, revelou o bispo de Rotterdam e Presidente desse organismo episcopal Dom Adrianus van Luyn à Rádio Vaticano em sua edição de ontem, 8.
Ainda estamos chocados, disse o Presidente Van Luyn, com os atentados sanguinários contra a Igreja no Egito e no Iraque”, referindo-se às revoluções que nestes últimos meses se desenvolveram nos países do Norte da África, em nome da liberdade e da democracia.
“Apesar das evoluções das últimas semanas, a situação das minorias cristãs continua precária. É necessário protegê-las", disse ainda o presidente da COMECE à RV.
Em seu discurso sobre a catástrofe que atingiu o Japão, Dom Van Lyn pediu uma reflexão sobre a utilização da energia nuclear e sobretudo no tocante ao estilo de vida que requer uso desproporcional de energia.
Sobre o caso do Egito, o Cardeal Antonios Naguib, advertiu para o risco de que o clamor dos jovens pela democracia poderia cair no esquecimento já que os Irmãos muçulmanos (Muslim Brotherhood) poderiam tirar das mãos dos jovens egípcios esta renovação.
“Ao contrário dos Irmãos Muçulmanos, o movimento juvenil não tem líderes reconhecidos e nem estrutura para enfrentar as próximas eleições. Precisam de tempo!”, exclamou.
Outro fator de risco para a transição democrática no Egito, segundo o Cardeal Naguib, é o artigo 2 da Constituição, que prevê a lei islâmica como fonte principal do direito. “Como Igreja decidimos não levantar a questão para não prejudicar a coesão nacional, deixando-a para quando a mudança da Constituição for tratada.
Somos propensos à democracia e por isso nos preocupa este artigo ser mantido na implantação da futura Constituição” afirmou o purpurado recordando que “ no País a igualdade não é aplicada a todos igualmente”, apesar de termos artigos que prevejam isso.
Por sua parte, o arcebispo maronita do Chipre, Dom Yousseif, revelou que “os cristãos, como também disse o Sínodo para o Oriente Médio, são portadores de cultura e de esperança, de paz e de reconciliação e por esse motivo representam uma necessidade seja para os muçulmanos seja para os não crentes”.