RIO DE JANEIRO, 14 de abr de 2011 às 15:20
Segundo informou ontem a arquidiocese do Rio de Janeiro, cerca de 3 mil pessoas se reuniram junto do Arcebispo da capital carioca, Dom Orani João Tempesta, para a Missa de 7º dia em intenção das 12 crianças mortas na Escola Municipal Tasso da Silveira no último dia 7, em Realengo. A Celebração Eucarística foi um marco para destacar os traços de fé e solidariedade que fazem parte dos moradores do Rio de Janeiro e do Brasil, que acreditam e lutam pela paz.
Autoridades religiosas, civis e militares estiveram em oração, para um autêntico testemunho de solidariedade às famílias das vítimas e aos alunos e professores envolvidos no drama, informou a arquidiocese.
“Eu gostaria que essa manifestação religiosa fosse a que marcasse a visão da escola daqui pra frente: visão de confiança e de esperança”, afirmou Dom Orani na missa celebrada na própria escola Tasso da Silveira.
Durante a homilia, o Arcebispo recordou a dimensão da fé, a importância de viver como Filho de Deus, mesmo diante da dor.
“Sabemos que a morte não é o fim, mas passagem para a vida eterna. (...) Se somos filhos de Deus, devemos colocar em prática o que Deus nos ensina, vivendo como irmãos, ajudando-nos mutuamente”, destacou Dom Orani.
Após a missa houveram homenagens e dezenas de mostras de solidariedade para com as famílias das vítimas e os alunos e funcionários da escola.
No contexto das homenagens, que incluíram uma chuva de pétalas de rosas jogadas por helicópteros das polícias militares e civil, o Vigário Episcopal do Oeste, Monsenhor Luiz Arthur de Barros Falcão, a Igreja, desde que o atentado à escola foi noticiado, procurou estar presente junto aos que dela necessitavam.
“Logo que soubemos do acontecido, eu, em nome do Arcebispo, me fiz presente aqui na escola. Atendemos professores, os familiares, as crianças. Depois, com Dom Orani, fomos para o hospital, acompanhamos as famílias, demos assistência na medida do possível. Agora, os trabalhos vão continuar de uma forma mais específica e pessoal”, afirmou o Vigário em declarações reunidas pelo portal da arquidiocese do Rio.
“A Igreja como mãe, como a figura do próprio Cristo, Bom Pastor, está com a missão de resgatar essas pessoas que foram atingidas pela dor tão profunda da violência”, explicou o Vigário Episcopal.
E os muitos atos de solidariedade não passam despercebidos por quem experimenta, neste momento, a dor. Eles também refletem a esperança do povo carioca neste momento de luto, destaca a nota da arquidiocese carioca.
Após a missa houve um encontro com líderes de várias confissões religiosas no qual o Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio Dom Antonio Dias Duarte, assinalou que a construção de um mundo diferente, onde haja paz, também faz parte da missão da Igreja e destacou a importância do ensino religioso.
“Quando a Igreja luta por seus ideais, por exemplo, pela implantação do ensino religioso, confessional e plural na escola pública, não é porque ela quer divulgar a religião, mas formar bem a criança no âmbito da moral e da ética, ensinar a respeitar a vida, a família, o semelhante e demais valores sociais que repercutem na paz e na harmonia na sociedade”, afirmou o prelado.
Falando também sobre a importância do ensino religioso nas escolas brasileiras aos participantes do encontro com as lideranças religiosas, o também Auxiliar da arquidiocese, Dom Nelson Francelino Ferreira, afirmou que este é uma importante contribuição para a construção de uma cultura de paz.
“O ensino religioso vai, com certeza, redimensionar a educação para os valores transcendentes, para os valores que abraçam essa outra dimensão do ser humano, que a nossa cultura imediatista não trabalha”, disse Dom Francelino.
“Eu creio que, neste momento, é uma contribuição para que o homem preste mais atenção e resgate valores que venham a dinamizar essa transcendência humana, que não pode ser substituída ou deixada para segundo plano de jeito nenhum”, expressou o bispo.