Vaticano, 16 de abr de 2011 às 14:27
Ao receber esta manhã (hora local) as cartas credenciais da nova Embaixatriz da Espanha ante a Santa Sé, María Jesús Figa López-Palop, o Papa Bento XVI ressaltou que não se deve marginar a religião da sociedade, com burlas, denigração ou discriminação, pois ela constitui uma “autêntica arma para a paz".
Em seu discurso em espanhol no dia em que cumpre 84 anos de idade, o Santo Padre disse que "em vez de viver e organizar a sociedade de tal maneira que favoreça a abertura à transcendência, não faltam formas, freqüentemente sofisticadas, de hostilidade contra a fé, que se expressam às vezes renegando a história e os símbolos religiosos, nos quais se refletem a identidade e a cultura da maioria dos cidadãos".
"Ainda que em certos ambientes se busque considerar a religião como um fator socialmente insignificante, e inclusive incômodo, não se justifica a busca por marginalizá-la, às vezes mediante o denegrir, a mentira, a discriminação e inclusive indiferença ante episódios de clara profanação, pois assim se viola o direito fundamental à liberdade religiosa, inerente à dignidade da pessoa humana".
Bento XVI explicou logo que a Igreja sempre cuida os direitos fundamentais de toda pessoa "em diálogo franco com todos os que contribuem para que sejam efetivos e sem reduções. Vela pelo direito à vida humana desde seu começo o seu término natural, porque a vida é sagrada e ninguém pode dispor dela arbitrariamente".
A Igreja, prosseguiu, "vela pela proteção e ajuda à família, e advoga a fim de que medidas econômicas, sociais e jurídicas para que o homem e a mulher contraiam matrimônio e formem uma família tenham o apoio necessário para cumprir sua vocação de ser santuário do amor e da vida".
"Advoga também por uma educação que integra os valores morais e religiosos segundo as convicções dos pais, como é seu direito, e como convém ao desenvolvimento integral dos jovens. E, por esse mesmo motivo, que inclua também o ensino da religião católica em todos os centros para os que a escolham, como está preceituado no próprio ordenamento jurídico", afirmou.
O Papa também recordou sua visita a Santiago de Compostela e Barcelona em novembro do ano passado, destacando as raízes católicas da Espanha e por isso a responsabilidade de trabalhar conjuntamente com a Santa Sé por relações diplomáticas que promovam o bem comum "dentro da legítima autonomia em seus respectivos campos" tanto "na esfera pública como na privada".
Bento XVI se referiu à crise econômica atual e ao grande trabalho de caridade que cumpre a Igreja em meio desta situação:
"Queria destacar com satisfação a benemérita atuação que as instituições católicas estão levando adiante para sair com presteza em ajuda dos mais carentes, ao mesmo tempo em que faço votos para uma crescente disponibilidade à cooperação de todos neste empenho solidário".
Esta ajuda concreta, prosseguiu, reflete a caridade cristã que vê no próximo um filho de Deus "sempre necessitado de fraternidade, respeito e acolhida em qualquer situação em que se encontre" a quem a Igreja lhe oferece "algo que lhe é inato e que beneficia as pessoas e as nações: oferece a Cristo, esperança que alenta e fortalece".
Cristo, disse, apresenta-se assim "como um antídoto à decepção de outras propostas fugazes e a um coração carente de valores, que termina endurecendo-se até o ponto de não saber perceber já o genuíno sentido da vida e o porquê das coisas".
O Papa falou em seguida de sua próxima viagem à Espanha em agosto deste ano para participar da 26ª Jornada Mundial da Juventude que será realizada em Madri, e expressou sua proximidade para com os organizadores "que estão preparando esmeradamente tão importante acontecimento, com o desejo de que dê abundantes frutos espirituais para a juventude e para a Espanha".
Finalmente o Santo Padre fez votos "pelo desempenho da alta missão que lhe foi encomendada, para que as relações entre a Espanha e a Santa Sé se consolidem e progridam, ao mesmo tempo em que lhe asseguro o grande apreço que tem o Papa pelos sempre queridos povos da Espanha".