ROMA, 27 de abr de 2011 às 10:49
Joaquín Navarro Valls, quem por 22 anos dirigiu o Escritório de Imprensa da Santa Sé, revelou que o turco Mehmet Ali Agca jamais pediu perdão ao Papa João Paulo II por tentar assassiná-lo a tiros no dia 13 de maio de 1981.
Nenhuma palavra de perdão. Ele (Agca) estava obcecado com o que tinha lido nos jornais. Só lhe perguntou pelo terceiro segredo da Virgem de Fátima, afirmou Navarro Valls em uma entrevista concedida no domingo 24 de abril ao programa La Arena da televisão italiana Rai Uno.
O ex-porta-voz vaticano recordou o encontro entre o Papa e Agca, ocorrido dois anos depois do atentado na prisão italiana de Rebbibia. Segundo Navarro Valls, João Paulo II ficou muito surpreso pela atitude do turco.
João Paulo II foi gravemente ferido pelos tiros de Agca e não duvidou em fazer público seu perdão em várias ocasiões, a primeira vez depois de apenas quatro dias do atentado.
Segundo Navarro Valls, João Paulo II ficou muito surpreso porque durante a visita a Agca o único que ele disse foi: "você tem que me dizer qual é o segredo da Virgem de Fátima".
Agca tampouco deu uma explicação ao Papa sobre as razões do atentado.
No ano 2000, Agca admitiu ante a imprensa que na visita de Rebbibia perguntou a João Paulo II "diretamente" pelo segredo da Fátima, mas o Papa não lhe respondeu.
"O Papa naquela ocasião- manteve um silêncio absoluto, o que me causou uma profunda desilusão, junto à grande alegria de me haver encontrado com ele", disse.
Uma mão disparou (a de Agca) e outra (a da Virgem) desviou a bala, a Providência Divina me salvou milagrosamente da morte, prolongou-me a vida e em certo sentido me foi dada de novo, disse João Paulo II ao recuperar a saúde.