O Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum no Vaticano, Cardeal Robert Sarah, assinalou em uma entrevista concedida à agência ACI Prensa que a Cáritas Internacional deve desenvolver um trabalho "não meramente filantrópico" e formar parte da missão da Igreja respeitando sua identidade católica.

Em 22 de maio, logo depois da inauguração da assembléia plenária da Cáritas Internacional –que celebra 60 anos de criação–, o Cardeal Sarah disse ao grupo ACI que "é importante entender que nossas organizações de caridade estão localizadas dentro da Igreja e não a um lado dela".

"Uma Cáritas que não seja uma expressão eclesiástica não teria sentido ou não existiria. A Igreja não pode ser considerada como sócia de organizações católicas. São as organizações (membros da Cáritas) as que fazem parte de sua missão", acrescentou.

O Cardeal Sarah explicou também à ACI Prensa que o trabalho da Cáritas "não é meramente filantrópico" mas "permite que todas as pessoas compreendam toda sua dignidade como filhos de Deus".

As declarações do Cardeal ocorrem meses depois que a Santa Sé fizesse a decisão de não apoiar a reeleição para o cargo da atual Secretária Geral da Cáritas, Leslie Anne Knight. Em março do ano passado, a funcionária fez público seu incômodo pela decisão vaticana em uma entrevista à publicação National Catholic Reporter e inclusive criticou o plano para modificar as práticas da organização em favor de uma maior ênfase na evangelização.

Ao final de fevereiro deste ano, o informativo Notifam divulgou que Knight defendeu energicamente em sua gestão a Canadian Catholic Organization for Development and Peace (CCODP) uma organização que "foi o eixo de muita crítica proveniente de grupos pró-vida, devido à ajuda brindada a organizações que apóiam a legalização do aborto, a distribuição de anticoncepcionais, e o apoio dado a políticas públicas homossexualistas".

Na inauguração da assembléia da Cáritas, o Presidente reeleito para um período de quatro anos mais, o Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, apresentou o novo slogan da confederação para os seguintes quatro anos: "Uma família humana: Zero pobreza".

Sobre este novo lema, o Cardeal Robert Sarah considerou à ACI Prensa que "seria sábio não seguir alguns slogans irreais. Não fica muito claro o que significa zero pobreza, porque Cristo disse que sempre teremos aos pobres. Então, qual é a forma real em que podemos lutar contra a pobreza? É complicado cancelá-la completamente".

Depois de ressaltar que "Cristo fez tudo com humildade", o Cardeal ressaltou que "a Cáritas deve seguir os passos do Jesus, expressando a compaixão, o amor de Deus com essa humildade, para o qual temos as indicações dos Papas, desde Pio XII e João Paulo II até Bento XVI. Eles mostram o caminho a seguir".

"Temos que ser muito humildes e seguir o Evangelho e os ensinos do Santo Padre. Então teremos um futuro muito brilhante", concluiu.

A assembléia plenária do Cáritas Internacional, que reúne 300 delegados das Cáritas de todo o mundo, também está em diálogo com a Secretaria de Estado do Vaticano para gerar novos estatutos que ressaltem sua identidade católica.

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