Roma, 1 de jun de 2011 às 11:04
O Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, o Arcebispo brasileiro João Braz de Aviz, assinalou que a experiência profunda de Deus e não viver isolados, constituem dois pilares fundamentais para os religiosos e consagrados de todo o mundo.
Em entrevista concedida ao jornal vaticano L'Osservatore Romano, o Prelado disse também que é necessário o diálogo apoiado na confiança que permita superar qualquer tensão ou conflito que exista entre a Santa Sé e as ordens religiosas.
Estando no cargo desde o dia 4 de janeiro deste ano e por ocasião da assembléia da União de Superiores Gerais realizada em Roma de 25 a 27 de maio, o Prelado se referiu a alguns desafios da vida religiosa, que sempre foi imprescindível na Igreja: "Ela (a vida consagrada) pertence à Igreja. Toda época está cheia de Santos marcados por uma página do Evangelho que logo puseram em prática".
O Arcebispo também disse que "seguir a pobreza, a obediência, a castidade não é fruto simplesmente de um mandamento, mas sim de um chamado cuja resposta foi dada em liberdade. Este é o sentido profundo que a vida consagrada nos oferece: a certeza de um Evangelho vivido".
Para o Prefeito, duas são as coisas fundamentais para todo religioso e consagrado: a primeira é que "deve fazer da vida religiosa uma experiência profunda de Deus. Não vejo outra alternativa, porque nossa vida não nasceu para fazer muitas obras, senão para estar com Jesus. É a primeira coisa essencial".
Este chamado do mesmo Deus, explica o Arcebispo, é um dom que deve ser acolhido "com liberdade interior".
O segundo e fundamental que deve fazer todo religioso "é não isolar-se. Se cada um olhe o próprio carisma, se não se une à Igreja e não se insere na vida, terá mais dificuldades para viver o próprio carisma".
Depois de assinalar que existem no mundo entre 2 000 ordens e congregações religiosas, a maioria das quais são femininas, Dom Braz de Aviz explica que as tensões que podem existir entre a Santa Sé e os institutos são normais já que "não existe nenhuma realidade de contato entre pessoas e estruturas que não encontrem tais dificuldades".
"Entretanto, se tivermos na base de tudo a confiança, tudo se supera. E isto é o que devemos redescobrir também nós na Congregação".
O Arcebispo reconheceu logo que sua Congregação "esteve um pouco longínqua dos religiosos nos últimos tempos" por isso um dos objetivos é "aproximar-se com simplicidade às pessoas".
"Só depois de ter instaurado um diálogo entramos nos assuntos e procuramos esclarecer se existem problemas. Isto me parece que produzirá mais frutos que ter simplesmente uma atitude precavida", indicou.
Logo depois de ressaltar que todo religioso é importante para a Igreja e seus pastores, o Prefeito conclui comentando que "às vezes, não se trata tanto de resolver questões doutrinais ou de direito, mas de sanar relações, de aproximar-se e dar valor ao outro, de ver com calma as coisas, de saber escutar".