Roma, 16 de jun de 2011 às 13:56
O Observador Permanente da Santa Sé perante a ONU em Genebra (Suíça), Dom Silvano Tomasi, disse que seria apropriada uma intervenção do Alto Comissariado da ONU para os Direitos humanos no caso da cristã Farah Hatim, seqüestrada e forçada a converter-se ao Islã no Paquistão, pois foi violado seu direito à liberdade religiosa.
Em entrevista publicada esta quarta-feira, o Prelado disse à agência Fides que o caso do Farah "é um dos muitos registrados pela mídia ou por comunicações diretas de famílias ou Igrejas locais do Paquistão: são casos de jovens cristãs sequestradas, obrigadas a se casar, a renunciar à sua fé e islamizadas forçadamente ".
"Segundo a experiência, são violados os direitos humanos, a liberdade de consciência e de religião. Trata-se de um abuso da mais ampla liberdade pessoal, a liberdade de poder decidir como viver a própria vida", afirmou Dom Tomasi.
O prelado afirmou que "quando se verificam perseguições contra minorias religiosas, cristãs ou de outras crenças, é importante que seja colocada à disposição do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos uma documentação detalhada. De acordo com o seu mandato, esta entidade deveria abrir um inquérito oficial".
Dom Tomasi indicou que algumas ONGs católicas creditadas à ONU já estão preparando um relatório sobre o caso de Farah Hatim. "É fundamental a solidariedade com os cristãos que sofrem por sua fé", afirmou.
O bispo também pediu aos meios de comunicação ocidentais que não sejam indiferentes ante os abusos contra as minorias religiosas como ocorre no Paquistão, que não encontram "uma forma adequada de proteger seus direitos" devido ao fato que o sistema judicial não funciona corretamente.
Nesse sentido, disse que a lei de blasfêmia “é uma questão dolorosa no que diz respeito à liberdade religiosa no Paquistão”. Indicou que inclusive os muçulmanos a consideram injusta e que o Ministro Federal das minorias religiosas, Shabhaz Bhatti, foi assassinado por querer modificá-la. "Tentar modificar esta lei, para as comunidades cristãs que são suas principais vítimas, é uma exigência prioritária", acrescentou.
“Além disso, é preciso favorecer um sistema educativo marcado pelo respeito pelo próximo, como requisito para criar uma sociedade de convivência e de paz", acrescentou.
Trabalho do Vaticano
Dom Tomasi explicou que a Santa Sé, através da diplomacia multilateral no Conselho das Nações Unidas para os Direitos humanos, busca "manter em evidência estas questões e ampliar sempre mais as perspectivas" e mostrar "a religião não é sempre fonte de conflito, mas tem em suas bases princípios fundamentais" que podem ajudar à convivência pacífica.
"A liberdade de religião, o direito de mudar de religião e o respeito das minorias são exigências indiscutíveis. Esperamos que as mudanças que estão se verificando no Norte da África e no Oriente Médio levem a uma maior abertura das sociedades envolvidas, deem esperança a seus povos e garanta uma vida mais digna e livre para todos, inclusive aos cristãos do Paquistão ", afirmou o arcebispo.