Vaticano, 20 de jun de 2011 às 08:49
Ao reunir-se ontem pela tarde com as autoridades da República de San Marino, o Papa Bento XVI as alentou a promover e proteger a vida, desde a concepção até a morte natural, e a família, constituída sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher.
Em seu discurso no Palácio Público aos membros do governo, do congresso e do corpo diplomático acreditado, o Santo Padre assinalou que "a Igreja, respeitosa da legítima autonomia da qual o poder civil deve gozar, colabora com ele ao serviço do ser humano na defesa de seus direitos fundamentais, dessas instâncias éticas gravadas em sua mesma natureza".
"Por isso, compromete-se para que as legislações civis promovam e tutelem sempre a vida humana, desde a concepção até seu fim natural. Além disso, pede para a família o devido reconhecimento e um apoio efetivo".
Seguidamente ressaltou que "no contexto atual a instituição familiar fica em interdição, quase em um intento de ignorar seu irrenunciável valor. Os que sofrem as conseqüências são os setores mas fracos, especialmente as jovens gerações, mais vulneráveis e por isso mais facilmente expostas à desorientação, a auto-marginação e à escravidão das dependências".
"Às vezes as instituições educativas não conseguem dar aos jovens respostas adequadas e se estes carecerem de apoio familiar, freqüentemente encontram obstáculos para incorporar-se ao tecido social".
O Papa se referiu também às origens da comunidade que há 17 séculos se formou ao redor do diácono Marino, grande predicador do Evangelho, e sublinhou como ao longo da história os habitantes da República que leva o nome do santo permaneceram "sempre fiéis aos valores da fé cristã, ancorando solidamente a eles sua convivência pacifica, seguindo critérios de democracia e de solidariedade".
A seguir Bento XVI elogiou o apego dos habitantes de San Marino a esse "patrimônio de valores" e exortou a "conservá-lo e a valorizá-lo, porque se encontra na base de sua identidade mais profunda, uma identidade que pede (...) ser assumida em plenitude".
"Graças a ela, pode-se construir uma sociedade atenta ao verdadeiro bem da pessoa, à sua dignidade e liberdade, e capaz de proteger o direito de todo povo a viver em paz. Estes são os fundamentos da sã laicidade, dentro da qual devem atuar as instituições civis, comprometidas na defesa do bem comum".
O Pontífice falou depois da crise econômica que também afeta San Marino, depois dos anos de prosperidade graças ao comércio e ao turismo, e mencionou também a questão dos trabalhadores fronteiriços, auspiciando que resolvam seus problemas, "tendo em conta o direito ao trabalho e à tutela das famílias".
A situação atual "leva a re-planejar o caminho e se converte em ocasião de discernimento. Faz que a sociedade sinta a exigência de confrontar os problemas com valentia e responsabilidade, com generosidade e dedicação, recordando o amor à liberdade que distingue o seu povo".
Às autoridades presentes Bento XVI recordou que lhes corresponde "a tarefa de constituir a cidade terrestre na devida autonomia e no respeito desses princípios humanos e espirituais aos que cada cidadão está chamado a aderir-se com toda a responsabilidade de sua consciência pessoal; e, ao mesmo tempo, o dever de seguir trabalhando para construir uma comunidade fundada em valores compartilhados".
Finalizado o discurso, o Santo Padre, acompanhado dos Capitães Regentes visitou a basílica de San Marino, fechada ao público, onde foi acolhido pelo reitor, Monsenhor Lino Tosi.
Depois da adoração ao Santíssimo Sacramento e a veneração das relíquias do Santo, deixou o templo para transladar-se, às 18:15h. ao heliporto de Torraccia, de onde, logo de despedir-se das autoridades, deslocou-se ao campo esportivo de Pennabilli (Rimini), para encontrar-se com os jovens.