WASHINGTON DC, 22 de jun de 2011 às 13:06
Diversos representantes do governo dos Estados Unidos assinalaram que a resolução pró-gay da ONU, divulgada nesta sexta-feira 17 de junho, constitui uma "vitória" para a política internacional da administração do Presidente Barack Obama.
Diante das informações dos meios seculares que qualificaram de "histórica" e "sem precedentes" a resolução, o texto em realidade só pede a realização de um estudo sobre "as leis discriminatórias e as práticas de violência contra indivíduos por causa da orientação sexual e a identidade de gênero".
O estudo, assinala a resolução, determinará como "as leis sobre direitos humanos internacionais podem ser usadas para pôr fim a esta violência". Um painel debaterá os resultados uma vez que a análise seja concluída.
"Este é realmente um exemplo paradigmático sobre como deve ser usado o sistema da ONU para avançar em uma das prioridades do Presidente Obama", disse Suzanne Nossel, subsecretária de estado para assuntos internacionais ao conhecer a resolução.
Em conferencia de imprensa na sexta-feira 17, o subsecretário para a democracia, direitos humanos e trabalho, Dan Baer, também ressaltou o papel da Secretária de Estado, Hillay Clinton, na decisão tomada pela ONU na sede de Genebra (Suíça).
"Ambos, o Presidente e a Secretária de Estado têm feito dos direitos humanos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) uma prioridade", disse.
Para Nossel esta resolução inicia um processo "irreversível" para uma declaração oficial internacional, como a dos direitos humanos.
As diversas propostas na ONU para colocar a "orientação sexual" e a "identidade de gênero" ao mesmo nível que a raça, a religião ou o sexo das pessoas, encontraram oposição por parte dos países muçulmanos, da Rússia, da Moldávia, assim como do Vaticano. Em total 23 países votaram a favor da resolução e 19 contra.
Embora a missão permanente da Santa Sé em Genebra não tenha emitido um pronunciamento oficial ainda, o Vaticano chamou constantemente a uma aproximação de respeito para com os direitos humanos de todas as pessoas, sem uma falsa equiparação entre a conduta heterossexual e homossexual.
Por exemplo, em 2008 a Santa Sé precisou que sempre se opôs, se opõe e se oporá "à discriminação injusta para as pessoas homossexuais", ao mesmo tempo em que objetou as categorias de "orientação sexual" e "identidade de gênero" promovidas pela ideologia de gênero para impor uma perspectiva da sexualidade oposta à natureza humana.
Estas duas categorias podem "criar inexatidões na lei" em relação a importantes temas como o matrimônio, a adoção e os direitos das organizações religiosas.
Em março de 2011, o Observador permanente da Santa Sé perante o Conselho de Direitos humanos, Arcebispo Silvano Tomasi, explicou que o conceito de "orientação sexual" é manipulado por alguns para atacar aqueles que não compartilham a ideologia de gênero.
Um estado, afirmou, "jamais deve castigar uma pessoa por exercer um direito humano, apoiando-se nos sentimentos e pensamentos, incluindo os sexuais. Mas os estados devem e têm que regular condutas, incluindo algumas condutas sexuais. Em todo mundo, existe um consenso de certas condutas sexuais que devem ser proibidas pela lei como a pedofilia e o incesto".
A ideologia de gênero, explicou o jornal vaticano L’Osservatore Romano em sua edição de hoje, nasceu nos Estados Unidos há 30 anos, desenvolveu-se logo na Europa seguindo "linhas particulares do primeiro feminismo e logo do pensamento homossexual".
Esta ideologia, segundo o LOR, "pretende afirmar que no mundo moderno a diferença entre homem e mulher é um fato social (uma ‘construção’) antes que algo biológico. Dessa forma a orientação sexual –e com isso a identidade de gênero e o papel do gênero– contaria mais que o sexo biológico".
O ensino católico em relação à homossexualidade está resumida em três artigos do Catecismo da Igreja Católica; 2357, 2358 e 2359. Nestes artigos a Igreja ensina que os homossexuais "devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta".
A homossexualidade, como tendência é "objetivamente desordenada", o que "constitui para a maioria deles (os homossexuais) uma autêntica prova".
Apoiado na Sagrada Escritura "a Tradição declarou sempre que os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados", "não procedem de uma verdadeira complementaridade afetiva e sexual" e portanto "não podem receber aprovação em nenhum caso".
"As pessoas homossexuais estão chamadas à castidade" e "mediante o apoio de uma amizade desinteressada, da oração e a graça sacramental, podem e devem aproximar-se gradual e resolutamente à perfeição cristã".