MADRI, 5 de jul de 2011 às 19:23
Irmã Teresita ingressou no Convento Buenafuente de Sistal (Guadalajara, Espanha) no dia 16 de abril de 1927, o mesmo dia em que nasceu o hoje Papa Bento XVI. Deus lhe concedeu 103 anos de vida, 84 dos quais passou em clausura e hoje dá testemunho da felicidade da vida contemplativa.
A editora Libros Libres recolhe sua história junto às de outras nove Freiras de clausura na obra "O que faz uma menina como você em um lugar como este?" do jornalista Jesús García, um livro que explica a riqueza interior e a felicidade que supõe a vida contemplativa.
Segundo os editores, nascida em Foronda (Álava), "A Irmã Teresita é a freira de clausura que mais tempo leva vivendo em um mosteiro". Ela "pertence à ordem cistercense e foi durante mais de 20 anos superiora de sua comunidade religiosa".
Irmã Teresita será recebida pelo Papa na Jornada Mundial da Juventude no mês de agosto e seu testemunho já está dando a volta ao mundo.
Sobre o dia de seu ingresso ao Convento Cistercense de Buenafuente, Irmã Teresita recorda que teve medo de entrar. "Mas o Senhor me ajudou. Eu vinha ‘desorientada’, não sabia nada de freiras, mas Ele e Santa Teresinha me ajudaram e entre eles deram um jeito para que eu não me acovardasse".
De família humilde, Irmã Teresita –Valeria de nome civil- trabalhava no campo desde a manhã até a noite, trabalhando, mas vivíamos bem. "Eu era a mais velha de 7 irmãos e com minha irmã passava o dia fazendo brincadeiras, fomos felizes. Mas meu pai, vendo a vida que levávamos no campo, e pensando que as freiras não trabalhavam!, dizia à minha irmã e a mim: vocês não gostariam de ser freiras…? E eu, para contentar o meu pai, rezei à Padroeira de Vitoria e pedi que me fosse dada esta vocação… E assim foi-me concedida!".
A religiosa dedica sua vida à oração por outros e ao trabalho no convento. Segundo suas próprias palavras, "embora reze muito, tenho minhas fugas… Tenho uma imaginação muito louca. Assim que me descuido e já estou distraída. Então volto a rezar à Virgem Maria e ela me traz para a oração ou para o meu trabalho".
"Sempre fui um pouco ‘traste’ e seguirei sendo. Por isso lhe digo à Virgem tantas vezes: Quero olhar em seus olhos, falar com sua boca, ouvir com seus ouvidos e amar com seu coração. Vivo em seu coração, porque sei como eu sou..."
"Uma vez tive a tentação de imaginar como teria sido minha vida fora, porque me pareceu que aqui não fazia nada. É uma crise que passamos muitas, pensar que aqui não fazemos nada. Mas conversei com um sacerdote e me disse que tinha uma vocação muito bonita. Vale a pena, não existe comparação em dar sua vida a Deus com nada mais. Eu sou muito feliz e não invejo nada de fora. É uma graça de Deus. A vocação e a perseverança. São duas graças que Deus me deu", assegura.
Para os editores, Irmã Teresita é a imagem da felicidade e como ela mesma diz "não se pode viver chateada no Convento. Você termina mal. Ou você é feliz ou nada".
Seu Segredo para a felicidade? "Cada um é feliz em sua profissão. Sente-se a felicidade quando cada um segue sua vocação. Isso só sabe quem o vive".
A centenária religiosa viu no ano passado a Final da Copa do Mundo: "Eu não entendo nada de futebol, mas gritava gol e me alegrava".
Todos os dias recebe e lê a imprensa e acredita que ainda tem coisas por fazer: "Se Deus segue me mantendo aqui, por algo será". "Sei que muitos não entenderão minha maneira de viver, mas eu não entendo outra".
Para ela, "o maior dom que recebi nestes mais de 100 anos foi a oração. Sem ela a pessoa não pode se sustentar”.
“Cada dia é uma opção de oração. Eu não deixo de repetir: ‘Obrigado, perdão, Obrigado, perdão’", afirmou.