O secretário do Comitê Justiça, Paz e Desenvolvimento do Episcopado da Índia, Pe. Charles Irudayam expressou o rechaço da Igreja às operações de mudança de sexo em meninas menores de um ano e que já teria afetado 300 bebês no estado central de Madhya Pradesh.

"Nós fortemente condenamos, como bispos indianos, essa prática horrível. É fruto de uma mentalidade que favorece a mentalidade machista como fonte de lucro e como filho de maior valor, mortificando a dignidade das mulheres", disse o sacerdote à agência Fides em declarações difundidas esta sexta-feira (8).

Fides indicou que “o governo estadual lançou uma investigação oficial para parar a prática, conhecida como "genitoplastica", que já viu 300 casos de meninas com idade inferior a um ano operada na cidade de Indore. O custo da transação é equivalente a cerca de 3.200 US$ e a difusão do fenômeno tornou Indore a meta de famílias de outros estados, como Nova Délhi e Mumbai”.

Por sua parte, o porta-voz do Conselho de Bispos de Madhya Pradesh, Pe. Anand Muttungal, explicou que "a preferência para o macho é ainda muito forte nas famílias da fé hinduísta, para a crença que, para a salvação, exista a necessidade de um filho. Com o fator religioso, o problema se torna grande. Como Igreja de Madhya Pradesh expressamos nossa preocupação e buscamos estar perto dos problemas e necessidades do povo".

O Pe. Irudayam disse que "responsabilidade é em primeiro lugar dos pais que a exigem, e depois dos médicos que fazem este trabalho". O sacerdote acrescentou que a Igreja segue trabalhando para promover "a dignidade e os direitos da mulher na sociedade. Mas nós temos que lutar contra uma mentalidade enraizada, e é, portanto, um trabalho que leva tempo".

O sacerdote indicou em sua entrevista à Agência Fides que, de acordo com alguns estudos, o aborto seletivo das meninas “nos últimos 20 anos envolveu mais de 5 milhões de crianças".

Na Índia, há cerca de 500 milhões de mulheres, numa população de mais de um bilhão de pessoas. Desde a infância elas sofrem diversas discriminações no acesso à educação, no emprego e em outros setores da sociedade, indica Fides.


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