A Caritas Somália revelou que mais de 2 milhões de pessoas estão deslocadas no país africano por causa da fome e que muitos deixam para trás a própria família. A organização católica pediu uma resposta urgente para «situação dramática»

“As famílias em fuga das áreas atingidas pela seca são obrigadas a abandonar os idosos, os doentes, as crianças mais vulneráveis e as grávidas. Muitas vezes, devem deixar para trás os corpos de seus familiares na estrada”, alerta a organização através da nota de imprensa da agência Ecclesia do episcopado português.

O presidente da Caritas Somália, D. Giorgio Bertin, fala numa “situação dramática” e diz que a tensão social e política “complica a ação humanitária”.

Num relatório publicado pela agência vaticana Fides é sublinhada como “exigência primária” o acesso “imediato” aos alimentos, acrescentando que “as pessoas atingidas pela seca têm necessidade urgente de água potável, serviços higiénicos, assistência de saúde, proteção, abrigo e sustento".

Neste momento, Somália, Quénia, Etiópia e Djibouti são afetados pela pior seca dos últimos 60 anos na região, que a ameaça de fome cerca de 13 milhões de pessoas.

A Caritas Somália diz que existe no país “um grande vazio em termos de fornecimento de alimentos", por causa da expulsão de várias agências humanitárias na região centro e sul, fruto dos confrontos entre forças governamentais e a milícia islamista al-Shabab.

"A procura de alimentos e de assistência gerou um movimento maciço da população, com a migração dos pastores e camponeses mais pobres, seja no interior do centro-sul da Somália, como no Quénia e na Etiópia. Um quarto da população da Somália está deslocada, percorrendo grandes distâncias a pé, em mulas ou usando seu último dinheiro para conseguir um lugar em camiões sobrelotados”, indica o documento enviado à Fides.

A Caritas Somáliacoordena atualmente as ajudas provenientes das Caritas de todo o mundo e de outras organizações, para ajudar as populações no país e os deslocados somalis na Etiópia e no Quênia.

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