ROMA, 25 de ago de 2011 às 10:27
O diretor da Cáritas Somália, Dom Giorgio Bertin, recordou à comunidade internacional que a tragédia que vive a região do Chifre da África não é somente conseqüência da seca, mas se deve aos problemas humanos e à situação de anarquia que sacode a região.
Dom Bertin, que é Bispo de Yibuti e Administrador Apostólico de Mogadiscio (Somália), explicou em uma entrevista concedida no dia 24 de agosto à Rádio Vaticano que “é preciso que –a comunidade internacional- não se contente em comover-se vendo a criança pobre somali- reduzida à fome, mas que reflita e se faça a pergunta sobre a razão pela qual chegou-se a este ponto”.
O Prelado afirmou que o fator que há 20 anos impede a estabilidade do país radica em que “os pobres se habituaram a mendigar, a pedir ajuda, e os mais preparados, em troca se habituaram a aproveitar-se deste tipo de coisas, desta falta de Estado, para levar adiante seus próprios interesses”.
O Cardeal sublinhou também a falta de coesão no governo do país e a debilitada vontade de dirigir a situação política, e denunciou que a pobreza na Somália “não é simplesmente uma conseqüência natural da seca, e sim uma conseqüência humana”.
A situação na Somália
Há mais de 20 anos a Somália vive em estado de guerra. Atualmente, as forças do Governo Federal de Transição apoiadas pela Missão da União Africana para a Somália (AMISOM) lutam contra o grupo armado de resistência islâmica Al-Shabaab, que impede um acesso efetivo e seguro ao país por parte das ONGs internacionais.
A ausência de serviços governamentais, a insegurança e a falta de acesso a muitos lugares impedem a coleta de dados que definam realmente a situação do país, provocando o êxodo somali e milhares de refugiados nos países mais próximos.
Além disso, a seca se une a esta voragem de instabilidade.
O apoio do Papa ao Chifre da África
Ante a grave situação de pobreza no Chifre da África, o Papa Bento XVI fez um chamado à mobilização internacional “para enviar rapidamente ajuda a estes nossos irmãos e irmãs duramente provados, entre os quais há muitas crianças".
"Que não falte a estas populações que sofrem nossa solidariedade e a ajuda concreta de todas as pessoas de boa vontade", acrescentou o Santo Padre.