Huelva, 7 de set de 2011 às 11:44
Ramona Estévez, a mulher de 91 anos de quem foi retirada a sonda nasogástrica que a alimentava e hidratava no último 23 de agosto, faleceu esta terça-feira 6 de setembro ao redor das 12:00h (hora local) no Hospital Blanca Paloma (da cidade espanhola de Huelva) onde estava internada.
No dia 26 de julho Ramona Estévez sofreu um enfarte cerebral que a deixou em um estado de coma profundo. Em seu caso, o Conselho de Saúde da Junta da Andaluzia decidiu na terça-feira 23 de agosto, a pedido dos familiares, retirar a sonda que a alimentava e hidratava.
Este caso gerou duas denúncias da plataforma pró-vida Direito a Viver (DAV). A primeira para pedir o restabelecimento da sonda nasogástrica à paciente; medida que nunca se realizou.
A segunda foi apresentada contra a conselheira de Saúde da Junta da Andaluzia, María Jesús Montero, e contra o hospital Blanca Paloma por um possível delito de omissão do dever de socorro e outro de indução ou assistência ao suicídio.
O tribunal arquivou estas duas denúncias porque, segundo fontes locais, a associação "não é parte interessada no procedimento e não contribuem com indícios de que tenha havido delito".
Sobre o caso, o Bispo de Huelva, Dom José Vilaplana, assinalou há poucos dias que "toda ação dirigida a interromper a alimentação ou a hidratação constitui um ato de eutanásia, no qual a morte se produz não pela enfermidade, mas sim pela sede e a fome provocada".
Em declarações à Europa Press, o filho da anciã, José Ramón Páez, assegurou que cumpriu com a vontade de sua mãe; enquanto que o porta-voz do PSOE na localidade de Huelva, Mario Jiménez, disse que a retirada da sonda se deu em aplicação da "lei de morte digna" com o qual "foi cumprida a lei, que neste país se encontra por cima das colocações religiosas".
A agência Europa Press também divulgou o comunicado do Bispo de Huelva, no qual se explica que "é preciso estar sempre a favor da vida humana, qualquer que seja seu desenvolvimento ou sua situação existencial".
"Devemos estar a favor dos últimos, dos fracos, dos incapacitados para fazer valer seus direitos e, sobre tudo, o direito à vida", acrescentou.
Ao constatar que alguns procuram apresentar o caso como um ato de "humanidade", Dom Vilaplana recordou que "o único dever que tem a sociedade, em relação à doente, é ajudá-la a viver, já que a vida não é algo que se usa e joga-se fora".
"A dignidade da vida humana não pode vir ligada ao estado de consciência ou de inconsciência do doente", precisou.
Depois de elevar suas orações por Ramona Estévez, o comunicado concluía com a seguinte afirmação: "a morte procurada ou induzida, como tantas vezes repetiu Bento XVI, não é a resposta ao drama do sofrimento".
O caso de Ramona Estévez recorda o da americana Terri Schlinder-Schiavo, convertida em símbolo de uma intensa batalha pró-vida, de quem também foi retirada a sonda que a alimentava e a hidratava a pedido de seu marido e que veio a falecer após 13 dias de agonia em março de 2005.
Na Itália, um caso mais recente, o de Eluana Englaro, também comoveu a opinião pública no ano 2009. A jovem de 32 anos também sofreu a retirada da sonda que a alimentava e hidratava e morreu logo depois de 4 dias do procedimento solicitado pelo seu próprio pai.