HAVANA, 7 de set de 2011 às 08:12
O Governo cubano assegurou à Igreja Católica na Ilha, que atuou como mediador o ano passado no processo de liberação de detentos políticos, que não deu ordens de "agredir" as integrantes das Damas de Branco e outros dissidentes nas últimas semanas, conforme informou o Arcebispado de Havana em um comunicado.
Face às perguntas dos meios sobre a posição da Igreja Católica em Cuba ante estes incidentes, o porta-voz do Arcebispado, Orlando Márquez, sublinhou que "não é necessário perguntar a opinião da Igreja a respeito de atos em que as pessoas podem ser ofendidas de palavras ou de obras".
"É bem sabido, e o reiteramos em várias ocasiões, que a violência de qualquer tipo, aplicada a pessoas indefesas, não tem nenhuma justificação", sublinhou.
Segundo Márquez, diante destas situações, "o Governo cubano comunicou à Igreja que desde nenhum centro de decisão nacional foi dada a ordem de agredir estas pessoas".
Por outra parte, o porta-voz recordou que a Igreja em Cuba "busca o bem do povo cubano, a reconciliação entre todos e a paz, por meio de atitudes e gestos que favoreçam o desenvolvimento sereno que Cuba necessita nesta etapa de mudanças em que vivemos e que o povo cubano espera e reclama".
Assim, conclui o comunicado do Arcebispado, "qualquer outro modo de abordar a realidade cubana que possa afetar a convivência pacífica e quebrantar o bem da nação não pode encontrar nenhum respaldo entre os que tenham uma visão cristã do mundo e o dever de pensar e atuar segundo os requerimentos da nossa fé".
Detenções
Este domingo, a presidente das Damas de Branco, Laura Pollán, tinha indicado à Europa Press que ao menos 16 damas de branco e de apoio –mulheres e familiares de ex-detentos políticos cubanos– tinham sido detidas nas províncias de Havana e Matanzas, localizada no noroeste de Cuba, enquanto partiam para distintas igrejas para assistir à Missa.
As detenções começaram no domingo pela manhã no município de Colombo, onde agentes da segurança do Estado prenderam Pollán e outras seis mulheres quando se dirigiam à missa. As ativistas resistiram e os agentes tiveram que lutar com elas para colocá-las nos carros patrulha.
"Disseram-nos que não tínhamos que ir ali, mas nós resistimos. Eu me joguei no chão em protesto e eles me golpearam para que me levantasse. Acredito que me machucaram porque me dói muito o ombro direito", disse Pollán, em uma conversação telefônica.
Ao parecer, entre os agentes que presenciaram a detenção se encontrava Ernesto Samper, um dos responsáveis pela segurança de Havana, quem transladou a líder das Damas de Branco até a capital cubana, onde reside. "Pareceu-me estranho que ele estivesse em Matanzas", assinalou a mulher.
De forma paralela, as forças de segurança cubanas prenderam em incidentes similares outras nove mulheres pertencentes a esta organização, seis no município de Cárdenas, localizado também em Matanzas, e três delas na capital.