HAVANA, 14 de set de 2011 às 10:53
O sacerdote franciscano, Pe. Miguel Ángel Loredo, encarcerado dez anos pelas autoridades comunistas de Cuba por manter-se firme em seus princípios e em sua fé, faleceu no sábado 10 em Miami (Estados Unidos), vítima de câncer.
O Pe. Loredo nasceu em Havana (Cuba), em 1938. Quando Fidel Castro tomou o poder em 1959, o jovem Miguel Ángel já tinha decidido ser sacerdote, para o qual viajou à Espanha, onde foi ordenado em 19 de julho de 1964.
Um mês depois retornou a Cuba, onde as tensas relações entre a Igreja e o novo Governo comunista provocaram a expulsão de 131 sacerdotes em 1961.
O Pe. Loredo foi enviado à igreja São Francisco, em Havana. Também foi pároco em Guanabacoa. Entretanto, seus desafiantes sermões contra o ateísmo e o comunismo provocaram a ira das autoridades cubanas, que o acusaram de ser agente da CIA, esconder armas e de conspiração contrarrevolucionaria, razão pela qual foi preso em 1966.
O sacerdote sempre afirmou ser inocente. Entretanto, logo depois de um julgamento fraudulento, foi condenado a 15 anos de cárcere e enviado às prisões de Ilha de Piñeros, La Cabana, Guanajay e El Príncipe, onde realizou trabalhos forçados e foi golpeado e passou por cruéis atropelos por não aceitar a "reeducação" que o Governo Castro queria impor-lhe.
Em uma carta de 11 de junho de 1968, o Pe. Loredo disse ao Monsenhor Cessar Sacchi, então representante da Nunciatura Apostólica em Havana, que se sentia "orgulhoso de participar desta luta com milhares de homens de tanto valor e sentido pátrio como os que há neste presídio cubano".
"E também quero dizer-lhes que sinto ao ver o esquecimento em que o Ocidente livre nos mantém, no silêncio de todos, na indiferença, mitigada unicamente pelas queixas dos seres queridos impotentes".
No dia 2 de fevereiro de 1976 foi liberado e ordenado a não falar em público nem dar entrevistas à imprensa. Entretanto, o Governo não aceitou que fosse nomeado professor de Teologia no Seminário de São Carlos e Santo Ambrosio em Havana, e o desterrou a Roma em 1984.
Em 1987 se instalou em Porto Rico, onde continuou seu trabalho eclesiástico, sempre tendo Cuba presente e sem deixar de lado sua luta pelos direitos humanos. Em 1991 foi enviado à igreja de São Francisco em Nova Iorque (Estados Unidos).
Em 1998, o Pe. Loredo foi incluído na lista de sacerdotes que viajariam a Cuba para a visita do Papa João Paulo II. Entretanto, o Governo cubano negou-lhe a entrada.
Abel Nieves Morales, um dos tantos detentos que compartilhou o cárcere com o sacerdote, afirmou a um meio de imprensa que o Pe. Loredo "foi um homem muito valente, firme em seus princípios e em sua fé, que jamais deixou de levantar sua voz para denunciar os horrores que viveu em carne própria nas prisões de Cuba".