ROMA, 30 de set de 2011 às 15:08
O secretário para as Relações da Santa Sé com os Estados, o Arcebispo Dominique François Joseph Mamberti, denunciou ante a ONU a profunda crise ética que corrói as estruturas econômicas do planeta e recordou que o verdadeiro desenvolvimento "apóia-se não sobre a supremacia do mais forte mas sobre a atenção ao mais fraco e marginalizado".
Neste 27 de setembro, na 66ª sessão da Assembléia Geral celebrada na cidade de Nova Iorque (EUA), Dom Mamberti se dirigiu ao Secretário Geral da Nações Unidas, Ban Ki-Moon, para sublinhar o inadmissível desequilíbrio econômico-financista no que nada a população mundial.
Em seu chamado à solidariedade, Dom Mamberti recordou que "a ética não é um elemento alheio à economia e a economia não tem futuro se não levar consigo um elemento moral: em outros termos, a dimensão ética é fundamentalmente para confrontar os problemas econômicos".
A idéia de produzir bens e recursos de modo estratégico e político, sem procurar fazer o bem, quer dizer, a ética "revelou-se como uma ilusão, ingênua ou cínica, mas sempre fatal", denunciou o Prelado.
"A economia necessita da ética para um funcionamento correto; não de uma ética qualquer, mas sim de uma centrada na pessoa e capaz de oferecer esperança às novas gerações. As atividades econômicas ou comerciais orientadas ao desenvolvimento deveriam ser capazes de reduzir efetivamente a pobreza e de aliviar os sofrimento dos mais pobres".
O Arcebispo insistiu pela revisão das atuais regra econômicas internacionais dentro de um novo modelo de desenvolvimento global. "Isto é exigido na realidade pelo estado de saúde ecológica do planeta; e o requer sobre tudo a crise cultural e moral de homem, cujos sintomas são evidentes há tempos em todas as partes do mundo".
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Dom Mamberti também defendeu a proposta do Presidente das Autoridades Palestinas, Mahmoud Abbas para entrar às Nações Unidas.
"A Santa Sé considera que tal iniciativa procura novos modos de dar uma solução definitiva, com o apoio internacional à questão confrontada na Resolução 181 de 29 de novembro de 1947 da Assembléia Geral das Nações Unidas", a qual ofereceu a base jurídica necessária para a existência de dois estados.
"A Santa Sé está convencida de que se queremos a paz, é necessário saber adotar decisões com valentia", acrescentou.
Finalmente, o Prelado recordou ao presidente Ban Ki-Moon a necessidade de retomar com determinação as negociações "para que cresça o próprio compromisso e incentive a própria criatividade e as iniciativas, para que se alcance uma paz duradoura, no respeito dos direitos dos israelenses e dos palestinos".
Não se pode tolerar a situação do Chifre da África"
O secretário da Santa Sé recordou o chamado do Papa Bento XVI à comunidade internacional "para aumentar e sustentar as políticas humanitárias na zona e atuar concretamente nas diferentes causas que aumentam sua vulnerabilidade".
"Se os estados não forem capazes de garantir uma proteção, a comunidade internacional deve intervir com os meios jurídicos previstos na Carta das Nações Unidas e de outros instrumentos internacionais", exortou.
Liberdade religiosa em perigo de extinção
Dom Mamberti também denunciou ante a ONU que "lamentavelmente está comprovado que os cristãos atualmente são o grupo religioso com o maior número de perseguições por causa de sua própria fé", e sublinhou que "o respeito à liberdade religiosa, é uma via fundamental para a construção da paz, o reconhecimento da dignidade humana e a proteção dos direitos do homem".
Explicou que a supremacia particular de uma determinada religião em uma nação "não deveria jamais implicar que os cidadãos de outras confissões sejam discriminados na vida social, ou pior ainda, que se tolere a violência contra eles".
Finalmente, sublinhou o chamado da Santa Sé para adotar medidas eficazes para a proteção das minorias religiosas onde estão ameaçadas, "com o fim de que todos os crentes de todas as confissões possam viver com segurança e continuar dando sua contribuição às sociedades das que formam parte".