CARACAS, 15 de nov de 2011 às 08:57
A Comissão Episcopal de Família e Infância do Episcopado da Venezuela divulgou esta segunda-feira um comunicado no qual recordou o efeito abortivo da pílula do dia seguinte e repudiou a propaganda televisiva deste fármaco contrário às leis nacionais.
No texto enviado ao grupo ACI pelo diretor da comissão, Pe. Antonio J. Velásquez, os prelados explicam que a pílula do dia seguinte tem um composto (levonorgestrel) que impede a nidificação do óvulo fecundado ou embrião, e que produz "um aborto químico precoce".
O aborto, recordam, é "a eliminação deliberada e direta (...) de um ser humano na fase inicial da existência, que vai desde a concepção até o nascimento".
Portanto, precisam os bispos, "o uso de meios de intercepção é uma modalidade de aborto, que na legislação venezuelana é sancionado como delito pelo Código Penal, e é, além disso, gravemente imoral".
O comunicado se refere logo a um comercial de TV, criticado pela jornalista María Denisse Fanianos de Capriles em sua coluna do jornal El Universal, assinalando que "a promoção deste fármaco deixa aberta a idéia de que é lícito ter relações sexuais seguras sem perigo de procriação, ao oferecer a possibilidade de eliminar a vida de um ser humano já concebido".
"Isso é inadmissível do ponto de vista moral e legal, posto que todo ser humano desde o momento que se inicia sua existência com a gravidez da mulher na concepção, possui uma dignidade e o direito a que lhe seja garantida e respeitada sua vida, pelo Estado, pela sociedade, e pela família".
O texto adverte ademais que "a promoção do fármaco anticoncepcional não informa das graves conseqüências e os efeitos éticos, psicológicos e emocionais que sobrevirão às jovens quando tomarem consciência de ter provocado o aborto de seus próprios filhos".
Seguidamente explicam que os jovens e adolescentes necessitam uma reta educação na sexualidade, começando pelos pais e seguindo pelas escolas e o Estado, que deve comprometer-se neste tema e "tomar cartas em tão delicada situação".
Os prelados também questionam as autoridades: "por que se está antepondo o aspecto comercial, através desta publicidade, ao direito à vida do concebido e à saúde das venezuelanas?, Como é possível que se possa obter este fármaco abortivo sem restrição sendo vendido livremente nas farmácias?"
Finalmente os bispos assinalam que "este alerta não é uma questão de religião nem de ideologias, mas é o chamado ao respeito do primeiro e principal de todos os direitos humanos, como é o direito à vida, a qual exige ser respeitada e promovida desde o momento do início de sua existência com a concepção".