ROMA, 18 de nov de 2011 às 13:04
No vôo para a cidade de Cotonou, no Benin, na segunda viagem ao continente africano do seu pontificado, o Papa Bento XVI assinalou que os fiéis não devem imitar as comunidades evangélicas ou pentecostais mas " perguntar-nos o que podemos fazer para dar nova vitalidade à fé católica".
Na costumeira roda de imprensa no avião que o levou ao Benin aonde chega para entregar a exortação apostólica pós-sinodal Africae munus (O compromisso da África) aos bispos, o Santo Padre propôs que esta renovação da fé católica deve começar com o anúncio de um "mensagem simples, profundo e compreensível".
Conforme assinala a Rádio Vaticano, o Papa explicou que "é importante que o cristianismo não apareça como um sistema difícil europeu, que outros não podem compreender ou realizar, mas como uma mensagem universal que afirme quem é Deus, que Deus nos conhece e nos ama e que a religião vivida faz nascer a colaboração e a fraternidade".
"É sempre muito importante que prevaleça a iniciativa das comunidades e da pessoa. E finalmente diria que é preciso uma liturgia participativa mas não uma sentimental: não deve estar baseada apenas na expressão dos sentimentos, e sim caracterizada pela presença do mistério no qual entramos, pelo qual nos deixamos formar".
O Papa Bento XVI também disse que é importante neste contexto "não perder a universalidade" na inculturação, embora "preferiria falar de interculturalidade e não tanto de inculturação, quer dizer de um encontro de culturas" e "assim crescer também na fraternidade universal", ajudados pelo grande valor da catolicidade.
O Santo Padre explicou ademais que viaja ao Benin porque este um país exemplar da convivência pacífica, especialmente entre as várias religiões aí presentes.
"Estas diversas religiões convivem no respeito recíproco e na responsabilidade comum pela paz, pela reconciliação interna e externa. Parece-me que esta convivência entre as religiões e o diálogo interreligioso como fator de paz e de liberdade são um aspecto importante", assegurou.
No Benin ademais funcionam as instituições democráticas e se respira "um espírito de liberdade e responsabilidade", de justiça e um sentido do "trabalho para o bem comum".
O Papa também disse que "a frescura da vida que existe na África, a juventude tão cheia de entusiasmo e esperança, mas também de humor e alegria, mostra-nos que há aqui uma reserva de humanidade".
"É o frescor do sentido religioso e da esperança, é uma percepção da realidade metafísica, da realidade na totalidade com Deus. Não é a redução ao positivismo, que restringe nossa vida e que a faz mais árida e reprime a esperança".
Sobre a outra razão de sua visita, que é rezar na tumba do seu amigo o Cardeal Bernardin Gantin, o Papa recordou que foi seu aluno e que logo serviu com muita inteligência e dedicação no Vaticano, sendo sempre um homem "de profunda fé e oração".