Ouidah, 19 de nov de 2011 às 14:40
Ao assinar a exortação apostólica pós-sinodal Africae munus (O compromisso da África) o Papa Bento XVI alentou a não abandonar jamais a busca da paz e da reconciliação necessárias no continente e em toda a Igreja.
Na Basílica da Imaculada Concepção de Ouidah perante bispos de diferentes lugares da África, o Santo Padre disse que "hoje, com a assinatura da Exortação Africæ munus, conclui-se a celebração do evento sinodal. O Sínodo deu um impulso à Igreja Católica na África que rezou, refletiu e debateu sobre o tema da reconciliação, da justiça e da paz".
Depois de assinalar que a assembléia sinodal de 2009 se viu enriquecida pela exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa do Beato João Paulo II, Bento XVI recordou que este documento "sublinhou com força a urgência da evangelização do continente, que não pode separar-se da promoção humana".
"Por outra parte, desenvolveu-se nela o conceito de Igreja-família de Deus. Este conceito produziu muitos frutos espirituais para a Igreja Católica e para a actividade de evangelização e de promoção humana que ela realizou a bem da sociedade africana no seu conjunto".
Em efeito, disse o Papa, "a Igreja é chamada a reconhecer-se cada vez mais como uma família. Para os cristãos, trata-se da comunidade dos crentes que louva a Deus Uno e Trino, celebra os grandes mistérios da nossa fé e anima com a caridade as relações entre as pessoas, os grupos e as nações, independentemente das respectivas diferenças étnicas, culturais e religiosas".
Bento XVI também ressaltou que "Uma Igreja internamente reconciliada entre todos os seus membros poderá tornar-se sinal profético de reconciliação a nível da sociedade, de cada país e do continente inteiro. São Paulo escreve: «Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação»".
"O fundamento desta reconciliação encontra-se na própria natureza da Igreja, que, «em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano»", acrescentou o Papa citando a Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II.
O Pontífice ressaltou logo que "é preciso não cessar jamais de procurar os caminhos da paz. Esta é um dos bens mais preciosos. Para alcançá-la, é necessário ter a coragem da reconciliação que nasce do perdão, da vontade de recomeçar a vida comunitária, da visão solidária do futuro, da perseverança para superar as dificuldades".
"Os homens, reconciliados e em paz com Deus e o próximo, podem trabalhar por uma justiça maior no seio da sociedade. É preciso não esquecer que a justiça primeira é, segundo o Evangelho, cumprir a vontade de Deus. Desta opção de base, derivam inúmeras iniciativas que visam promover a justiça na África e o bem de todos os habitantes do continente, principalmente dos mais carenciados que precisam de emprego, escolas e hospitais".
Finalmente o Papa animou: "África, terra de um Novo Pentecostes, tem confiança em Deus! Animada pelo Espírito de Jesus Cristo ressuscitado, torna-te a grande família de Deus, generosa com todos os teus filhos e filhas, agentes de reconciliação, de paz e de justiça. África, Boa Nova para a Igreja, torna-te isto mesmo para o mundo inteiro!"