BOGOTÁ, 29 de nov de 2011 às 10:02
O sargento Luis Alberto Erazo Maya, o único sobrevivente do recente massacre perpetrado contra quatro seqüestrados (por mais de dez anos) por parte das FARC, contou que rezava pelos guerrilheiros durante seu cativeiro.
Conforme informa o jornal colombiano El Tiempo, o sargento esteve seqüestrado durante 11 anos, 11 meses e 17 dias. Este fim de semana pôde voltar a ver suas duas filhas em Nariño, sua cidade natal, e inteirar-se que agora é avô do pequeno Jefferson. Sua mãe lhe contou que o louro e os gansos que deixou em casa seguem vivos e o esperam.
"Deus existe", repetiu Erazo uma e outra vez, e disse logo que sua única esperança esteve sempre na oração. Entre os objetos que trouxe da selva em uma mochila que ele mesmo teceu havia um Missal romano.
Àqueles que o visitaram no hospital onde esteve sendo tratado, inclusive ao presidente Juan Manuel Santos, o militar contou-lhes que "rezava até pelos guerrilheiros".
O massacre
Erazo foi atingido por algumas balas dos guerrilheiros das FARC enquanto fugia, informou uma rádio local. Ele também relatou que os disparos começaram às 09:15h, quando descobriram sua fuga.
"Escutei muitos disparos como a 15 metros e logo senti impactos na cara e o pescoço. Então soube que a coisa era comigo. Olhei para atrás e me dava conta que o guarda tinha ido para outro lado e me deu campo para fugir. Então começo a correr para a selva e vejo o que me perseguia correndo atrás de mim até que eu o deixei atrás", contou.
Segundo o sargento, "os guerrilheiros nos diziam que em caso de combate corrêssemos ao lado deles porque nos entregariam sãos e salvos. Eu esqueci disto e corri para a selva. Meus companheiros, em troca, avançaram na direção deles e aí foi quando (os guerrilheiros das FARC) os assassinaram”.
Apesar das feridas, Erazo aproveitou que não estava acorrentado e correu com todas suas forças, sempre afastando do lugar no qual tinha passado as últimas 12 horas (o grupo vinha deslocando-se do norte de Caquetá para Putumayo).
Assim, conseguiu sair da área do acampamento e decidiu esconder-se em um tronco e não mover-se mais. Esteve escondido por quase oito horas, até que se convenceu de que as vozes que ouvia eram de soldados.
"Em um claro muito grande na selva vi alguns uniformizados que trabalhavam com serras elétricas . Quando vi um com capacete e com visores noturnos, sabia que eram soldados e fui para lá. Abraçaram-me e não me soltaram, deram-me as boas-vindas", relatou emocionado.
O estado de saúde
A equipe médica que o avaliou está surpresa "das capacidades físicas e emocionais (do sargento) para suportar este tipo de cativeiro".
"Quando chegou ao hospital teve várias intervenções. Foi avaliado pela equipe de saúde mental descartando alguma patológica psicótica, foi avaliado por saúde oral, que encontrou a perda de algumas peças dentais, por isso será submetido à reabilitação oral", disse a coronel Adriana Camero, diretora Hospital Central da Polícia.
"Está em muito boas condições gerais, com um estado de ânimo satisfatório e com muita vontade de viver", acrescentou.