Vaticano, 1 de dez de 2011 às 15:34
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, indicou nesta quinta-feira que o Vaticano "avaliará melhor" a ordenação do Pe. Peter Luo Xuegang como Bispo Auxiliar da Diocese de Yibin em Sichuan (China), "quando receber mais informações".
O Pe. Lombardi se referiu desta maneira à ordenação do Pe. Lou Xuegang e recordou que o sacerdote conta com a aprovação da Santa Sé, mas lamentou que na cerimônia participasse o bispo Lei Shiyin, ordenado recentemente pelas autoridades comunistas da China apesar da oposição do Vaticano.
“Tomei conhecimento através dos meios de comunicação que esta manhã ocorreu a ordenação do Rev. Peter Luo Xuegang como Bispo auxiliar da diocese de Yibin em Sichuan. O consagrante principal foi o ancião Bispo Diocesano, Dom John Chen Shizhong. Todos os consagrantes são Bispos em comunhão com o Santo Padre, com exceção de Lei Shiyin de Leshan”, afirmou aos jornalistas o diretor da sala de imprensa do vaticano.
“Depois das três recentes ordenações episcopais sem mandato pontifício, o fato de ter um novo Prelado que está em comunhão com o Papa e com todos os Bispos católicos do mundo é certamente positivo. Isto será apreciado não só pelos Bispos e pelos fiéis chineses, mas também na Igreja universal”, destacou o Pe. Lombardi.
“Porém, a participação do Bispo ilegítimo, que, como se sabe, encontra-se na condição canônica de um excomungado, não vai na mesma direção, e suscita desaprovação e desconcerto por parte dos fiéis, sobre tudo por que resulta que ele participou como Bispo consagrante e concelebrou a Eucaristia”.
Em um comunicado emitido pela Santa Sé no último 4 de julho, o Vaticano assinalava que o Pe. Lei Shiyin, "ordenado sem mandato pontifício e portanto ilegitimamente, carece da autoridade de governar a comunidade católica diocesana, e a Santa Sé não o reconhece como bispo da diocese de Leshan".
Sobre esta ordenação o texto do vaticano explica ademais que com a ordenação ilegítima incorreu-se em "violação da norma do cânon 1382 do Código de Direito Canônico" que prevê a excomunhão automática.
“O mesmo Revdo. Lei Shiyin já havia sido informado há tempos de que não podia ser aceito pela Santa Sé como candidato episcopal, devido a motivos comprovados e muito graves”, afirmava também o comunicado da Santa Sé. O bispo ilegítimo estava desqualificado para o episcopado porque além de ser vice presidente da cismática Associação Patriótica Católica Chinesa e membro de um órgão assessor destacado para o governo comunista, também é pai de um filho.
“Infelizmente, o caráter recidivo de sua desobediência às normas da Igreja, agrava sua posição canônica”, recalcou o Pe. Lombardi.
O sacerdote acrescentou que “em situações ordinárias a presença do Bispo Lei Shiyin deveria ter sido excluída absolutamente e comportaria conseqüências canônicas por parte de outros Bispos participantes”.
“Nesta circunstância é provável que estes últimos não tenham podido impedi-la sem graves inconvenientes. Em todo caso, a Santa Sé poderá avaliar melhor a questão quando receba maiores informações”, concluiu o Pe. Lombardi.