O capelão mor do Congresso da República da Colômbia, Pe. Pedro Mercado, repudiou as declarações do P. Carlos Novoa a favor do aborto e recordou ao sacerdote colombiano que o Beato João Paulo II nunca justificou esta prática, mas a "condenou radicalmente" em sua encíclica Evangelium Vitae.

Em um artigo publicado no último 25 de novembro no jornal El Tiempo, o Pe. Mercado se referiu às declarações em que o sacerdote jesuíta Carlos Novoa deu a vários meios de comunicação afirmando que o falecido Pontífice justificou em sua encíclica a despenalização do aborto terapêutico.

"Nada disse o Beato (João Paulo II) que se interprete como justificação da despenalização parcial do aborto", esclareceu o também Secretário Anexo da Conferência Episcopal da Colômbia, que pediu não desfigurar "a clara e inamovível posição da Igreja Católica".

O Pe. Mercado afirmou que Novoa descontextualiza o número 17 da Evangelium Vitae, "confundindo dois níveis de juízo muito diferentes: o moral e o jurídico. No chamado texto, o Papa faz referência ao drama humano que sofrem tantas mulheres -a imensa maioria delas- ao tomar a decisão de abortar".

"A pobreza, a solidão, o abandono e a angústia são para o Papa circunstâncias terríveis que poderiam atenuar a responsabilidade moral das mesmas. Nada disse o Beato, entretanto, que possa ser interpretado como justificação da despenalização parcial do aborto. Este é condenado radicalmente, em toda circunstância, em amplos parágrafos do documento pontifício", afirmou.

Do mesmo modo, lamentou que o Pe. Novoa confunda uma "intervenção cirúrgica em caso de gravidez extra-uterina" com o chamado "aborto terapêutico".

"No primeiro caso, dá-se uma ação que a teologia moral define como de ‘duplo efeito’. Quer dizer, uma ação em que se apresentam inseparavelmente dois efeitos: um bom e voluntariamente procurado (que é salvar a vida da mãe) e outro mau, não querido, mas inevitável (a perda da vida do ser em gestação). A diferença do ‘aborto terapêutico’, essa intervenção cirúrgica não tem como finalidade a supressão do ser não nascido. A morte deste se produz como um inelutável e lamentável efeito colateral", explicou.

O capelão do Congresso colombiano qualificou de "inapropriado que o padre Novoa afirme que como sacerdote não aceita o aborto, mas como cidadão o consideraria uma opção respeitável".

Nesse sentido, disse que "os argumentos para rechaçar o aborto, em toda circunstância, não são exclusivamente de ordem religiosa: existem substanciais razões jurídicas e científicas a favor da defesa da vida humana, desde sua concepção até sua morte natural".

"O jesuíta, espero, terá ocasião de esclarecer sua opinião, corrigindo os erros de sua argumentação. Tal ato seria para a comunidade eclesiástica um exemplo de humildade e de comunhão com o autêntico sentir da Igreja", assinalou.

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