Ao receber esta manhã os participantes da assembléia plenária anual da Comissão Teológica Internacional, o Papa Bento XVI explicou que a teologia católica deve ser capaz de rebater a violência que se vale da religião, para o qual deve harmonizar sempre fé e razão.

Os participantes que foram com seu presidente, o Cardeal William Levada, que é também Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

O Pontífice se focalizou durante seu discurso nos três temas que a Comissão estudou nos últimos anos. Sobre o primeiro, a questão de Deus e a compreensão do monoteísmo, Bento XVI recordou que "atrás da profissão da fé cristã no Deus único, se encontra a cotidiana profissão de fé do povo de Israel".

Com a encarnação do Filho em Jesus Cristo, indicou, "o monoteísmo de Deus único se iluminou com uma luz completamente nova: a luz trinitária. E no mistério trinitário, se ilumina também a fraternidade entre os homens".

Por isso, “a teologia cristã, junto com a vida dos fiéis, deve restituir a feliz e cristalina evidência da comunidade da revelação trinitária. Apesar dos conflitos etnicos e religiosos no mundo tornar mais difícil acolher a singularidade do pensar cristão de Deus e do humanismo que se inspira nele, os homens podem reconhecer no Nome de Jesus Cristo a verdade de Deus Pai para o qual o Espírito Santo clama diante de cada gemido das criaturas".

A Comissão estudou também os critérios segundo os quais uma teologia pode ser definida "católica". Sobre isto, o Papa explicou que "o ponto de partida de toda teologia cristã é o acolhimento desta revelação divina: o acolhimento pessoal do verbo feito carne, a escuta da Palavra de Deus na Sagrada Escritura. Sobre tal base de partida, a teologia ajuda a inteligência fiel da fé e sua transmissão".

Entretanto, a história da Igreja mostra que "o reconhecimento do ponto de partida não basta para chegar à unidade da fé. Cada leitura da Bíblia se coloca necessariamente em um determinado contexto de leitura, e o único contexto no qual o fiel pode estar em plena comunhão com Cristo é a Igreja e sua Tradição viva".

O Papa recordou que a teologia católica deve seguir prestando uma atenção especial à união entre fé e razão, como veio fazendo ao longo de sua história. Isso é hoje mais necessário que nunca, disse o Pontífice, tanto para harmonizar as diversas ciências como “evitar as derivas violentas de uma religiosidade que se opõe à razão e de uma razão que se opõe à religião".

Em terceiro lugar, a Comissão estudou a relação entre a doutrina social da Igreja e o conjunto da doutrina cristã. Bento XVI reiterou a respeito que "o compromisso social da Igreja não é tão somente algo humano, nem se resume em uma teoria social. A transformação da sociedade realizada pelos cristãos através dos séculos é uma resposta à vinda ao mundo do Filho de Deus".

“Os discipulos de Cristo redentor sabem que na atenção ao outro, no perdão, no amor também aos inimigos, nenhuma comunidade humana pode viver em paz; e isso começa na primeira e fundamental sociedade que é a família. ".

“Na necessária colaboração em favor do bem comum também com quem não partilha da mesma fé, devemos fazer presentes os verdadeiros e profundos motivos religiosos no nosso compromisso social, assim como esperamos dos outros que nos manifestem as suas motivações, a fim que a colaboração se faça com clareza”, afirmou também Bento XVI em seu discurso.

Finalmente o Papa disse que a Igreja tem grande necessidade da reflexão dos teólogos sobre "o mistério do Deus de Jesus Cristo e de sua Igreja. Sem uma sã e vigorosa reflexão teológica, a Igreja correria o risco de não expressar plenamente a harmonia entre fé e razão".

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