Roma, 5 de jan de 2012 às 08:45
O judeu Jerzy Kluger, o grande amigo de infância do Beato João Paulo II, faleceu no dia 31 de dezembro aos 92 anos em um hospital de Roma (Itália).
Em declarações à agência Reuters, o escritor italiano Gianfranco Svidercoschi afirmou que Karol Wojtyla "aprendeu muito sobre o judaísmo com Kluger". Indicou que enquanto viveram na Polônia, o futuro Papa visitava seu amigo e o ajudava com seus estudos, "particularmente o latim, e começou uma amizade que influiria em suas relações com os judeus o resto de sua vida".
"Teve uma grande influencia na vida do Papa", afirmou o também autor do livro "Carta a um amigo judeu", que relata a amizade entre o Pontífice e Kluger.
Entretanto, ambos perderam contato depois que a Alemanha invadiu a Polônia em 1939. Conforme indicou a Agência Reuters, durante a guerra, Kluger foi detido pelos russos e enviado a um gulag na Sibéria junto com seu pai.
Foi liberado depois que a Alemanha invadiu a União Soviética e se uniu às forças polonesas que combatiam com os aliados na África e Europa. Ao final da guerra se inteirou que sua mãe tinha morrido no campo de concentração de Auschwitz, e por isso decidiu ficar na Itália.
Logo depois de viver um tempo na Inglaterra, Kluger retorna à Itália e retoma contato com o então Arcebispo Karol Wojtyla em 1965, que participava do Concílio Vaticano II. Ambos acreditavam que o outro tinha morrido durante a Segunda guerra mundial.
A amizade entre ambos se fortaleceu e Kluger ajudou a novo Papa a organizar reuniões com seus companheiros de colégio de Wadowice, tanto em Roma como na Polônia.
Esta amizade também foi destacada pelo professor Stanislaw Grygiel em declarações à redação polonesa do L’Osservatore Romano e citada na quarta-feira, 4, pela Rádio Vaticano.
"Jerzy Kluger vivia sempre da lembrança de sua amizade com Karol Wojtyla que nasceu na escola de Wadowice. Esta amizade era muito profunda, apesar das diferenças religiosas e culturais", afirmou.
O professor disse que ambos estavam unidos pela identidade polonesa. Ele recordou que Kluger falava sinceramente de sua amizade com João Paulo II e que poderia ser um signo indicativo inclusive para o diálogo entre poloneses e judeus.
Aqueles que os conheceram recordam que Kluger estava na sinagoga de Roma quando João Paulo II fez sua histórica visita em 1986 e chamou os judeus "nossos queridos irmãos mais velhos".
A amizade seguiu até o falecimento de João Paulo II em 2005.