Vaticano, 16 de fev de 2012 às 16:19
Em um discurso dado esta manhã a um grupo de bispos da Europa e África no Vaticano, o Papa Bento XVI assinalou que a Igreja está viva e não tem medo de cumprir sua missão de evangelização ante os muitos e graves desafios do mundo de hoje.
Assim indicou o Santo Padre ao receber aos participantes do segundo simpósio dos bispos europeus e africanos, inaugurado no dia 13 de fevereiro e dedicado ao tema "A evangelização hoje: comunhão e cooperação pastoral entre a África e a Europa".
O Santo Padre explicou que a tarefa da evangelização requer a oração e o compromisso de todos já que "parte integrante da vocação de todos os batizados, que vocação à santidade. Quão cristãos têm uma fé viva e estão abertos à ação do Espírito Santo se convertem em testemunhos com a palavra e a vida do Evangelho de Cristo".
O Papa ressaltou a necessidade das relações da Igreja na África, com suas dificuldades, e a que está na Europa, junto à qual confrontam desafios comuns sustentando-se no laço comum da caridade.
Nesse marco, os bispos devem "ter em conta o vínculo essencial entre a fé e a caridade, porque ambas se iluminam mutuamente em sua verdade. A caridade favorece a abertura e o encontro com o homem de hoje, em sua realidade concreta, para levá-lo para Cristo e a seu amor por cada pessoa e cada família, especialmente pelos que são pobres e estão sozinhos".
Bento XVI se referiu logo às dificuldades que enfrentam os bispos, como a indiferença religiosa "que leva muitas pessoas a viverem como se Deus não existisse ou a conformar-se com uma religião vaga, incapaz de enfrentar a questão da verdade e o dever da coerência; o peso do ambiente secularizado e freqüentemente hostil à fé cristã" e "o hedonismo, que contribuiu a que a crise de valores penetre na vida cotidiana".
"Sintomas de um grave mal-estar social também a difusão da pornografia e da prostituição. Vocês são bem conscientes destes desafios, que movem suas consciencias pastorais e seu sentido de responsabilidade", acrescentou o Papa.
Entretanto, estes desafios, não devem desanimar os bispos, mas "brindar a ocasião de redobrar o compromisso e a esperança que nasce da certeza de que Cristo ressuscitado está sempre conosco".
O Pontífice remarcou logo o papel central da família na pastoral já que "a garantia mais sólida para a renovação da sociedade".
"Na família que custodia costumes, tradições e rituais imbuídos de fé, encontra-se o melhor terreno para o florescimento das vocações", disse, convidando os participantes no simpósio a prestar uma atenção particular "à promoção das vocações sacerdotais e de consagração especial".
Recordando que a família "é também o centro de formação da juventude", o Papa sublinhou que tanto a Europa como a África necessitam "jovens generosos que, com responsabilidade, tomem as rédeas do seu futuro".
Ele também exortou as instituições a recordarem que o futuro está nas mãos destes jovens e por isso é importante "fazer todo o possível para garantir que seu caminho não esteja marcado pela incerteza e a escuridão".
"Na formação das novas gerações a dimensão cultural assume um papel importante (...) A Igreja respeita cada descoberta da verdade, porque toda verdade procede de Deus, mas sabe que o olhar da fé posto em Jesus abre a mente e o coração do ser humano à Verdade primeira que é Deus".
"Desse modo, a cultura alimentada pela fé conduz à verdadeira humanização, enquanto que as falsas culturas desembocam na desumanização: na Europa e na África tivemos tristes exemplos", observou o Papa.
"Seu simpósio brindou-lhes a oportunidade de refletir sobre os problemas da Igreja nos dois continentes. Efetivamente, eles não escasseiam e são às vezes relevantes, mas, por outro lado, também provam que a Igreja está viva, que cresce, e que não tem medo de levar adiante sua missão de evangelização".
Finalmente o Papa fez um chamado especial aos bispos a viverem a santidade pessoal, que "deve resplandecer em benefício dos que foram confiados à vossa atenção pastoral e a quem deveis servir. Vossa vida de oração irrigará desde o interior o vosso apostolado".
"Um bispo deve ser um apaixonado por Cristo. A autoridade moral e a credibilidade que sustentam o exercício de seu poder jurídico, só poderão provir então da santidade de suas vidas", concluiu.