Vaticano, 7 de mar de 2012 às 10:47
Diante de milhares de peregrinos que se reuniram em uma soleada quarta-feira para a Audiência Geral com o Santo Padre, o Papa encerrou o ciclo de catequeses dedicadas à oração de Jesus iniciadas no dia 30 de novembro do último ano. Bento XVI sublinhou que “a escuta e o acolhimento da Palavra de Deus exigem o silêncio interior e exterior, afastando-nos de uma cultura barulhenta que não favorece o recolhimento”.
“Podemos dizer que Jesus nos ensina a rezar, não só com a oração do Pai-nosso, mas também com o exemplo da sua própria oração, indicando-nos que temos necessidade de momentos tranquilos vividos na intimidade com Deus, para escutarmos e chegarmos à ‘raiz’ que sustenta e alimenta a nossa vida”, assinalou o Santo Padre na catequese de hoje, recolhida em nota de imprensa publicada pela agência Ecclesia do episcopado português.
Nesse sentido, acrescentou, os católicos devem viver “momentos de silêncio” na sua oração pessoal e nas celebrações litúrgicas de cada comunidade, destacando a experiência do “silêncio de Deus” feito na vida quotidiana.
Bento XVI evocou a figura de Job, do Antigo Testamento, que, após ter “perdido tudo” e parecer abandonado, conservou “intacta” a sua fé e “descobriu o valor do silêncio”.
“Este silêncio, como acontece com Jesus, não é sinal de ausência. O cristão sabe que o Senhor está presente e escuta, mesma na escuridão da dor, da recusa e da solidão”, disse.
Em português, o Papa afirmou que, no momento da crucifixão, “o silêncio de Jesus é a sua última palavra ao Pai” e que “Deus fala através do silêncio”. “Sabemos que esse silêncio não é ausência: Deus está sempre presente e escuta-nos”, ressaltou o Santo Padre.
Segundo informa a Rádio Vaticano, Bento XVI manifestou hoje a sua preocupação perante os «graves sofrimentos» que estão a atingir as populações do Médio Oriente, deixando um “pensamento de oração” para esta região. O Papa convidou os responsáveis eclesiais a “perseverar com esperança”, deixando uma saudação particular aos membros do Sínodo dos Armênios Católicos, atualmente reunido em Roma.
Em seu resumo em português da catequese de hoje, Bento Xvi se dirigiu aos peregrinos lusófonos nas seguintes palavras:
“Na conclusão da reflexão sobre alguns aspectos da oração de Jesus, é necessário tratar de um elemento importante da Sua relação com o Pai do Céu: o silêncio. Na Cruz vemos que o silêncio de Jesus é a sua última palavra ao Pai, mas vemos também como Deus fala através do silêncio. De fato, a dinâmica feita de palavra e silêncio, que caracteriza a oração de Jesus, manifesta-se também na nossa vida de oração em duas direções. Por um lado, nos ensina que a escuta e o acolhimento da Palavra de Deus exige o silêncio interior e exterior, afastando-nos de uma cultura barulhenta que não favorece o recolhimento".
"Por outro lado, há também o silêncio de Deus na nossa oração, que muitas vezes gera em nós a sensação de abandono. Mas, olhando para o exemplo de Cristo, sabemos que esse silêncio não é ausência: Deus está sempre presente e nos escuta. E, assim, podemos dizer que Jesus nos ensina a rezar, não só com a oração do Pai nosso, mas também com o exemplo da sua própria oração, indicando-nos que temos necessidade de momentos tranqüilos vividos na intimidade com Deus, para escutarmos e chegarmos à «raiz» que sustenta e alimenta a nossa vida", concluiu o Santo Padre.