RIO DE JANEIRO, 4 de mar de 2005 às 12:32
O prefeito de Anapú, Luiz Reis do Carvalho, negou ter relação com um suposto plano para proteger os assassinos da missionária americana Dorothy Stang, morta a tiros em 12 de fevereiro na pequena cidade do Pará.
Carvalho foi mencionado por dois dos acusados no caso do assassinato da missionária de 73 anos.
Os presos, Rayfran dá Neves Sales e Clodoaldo Batista, acusados de serem os autores materiais do crime, disseram a um grupo de senadores que o prefeito estava entre as pessoas mencionadas por um fazendeiro como um dos que conseguiria dinheiro para a defesa dos capturados. Por sua vez, o prefeito declarou à TV Globo estar surpreso e “indignado” pelos testemunhos dos detidos.
O deputado do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado do Pará, José Geraldo, disse que Carvalho era um antigo adversário de Stang e pediu uma profunda investigação do manifestado pelos presos.
Segundo Geraldo, “o prefeito sempre esteve contra os PDS" (Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis), os assentamentos para a exploração racional de recursos na região amazônica.
"Na campanha (eleitoral) ele disse publicamente que ia acabar com os PDS", –onde trabalhava a religiosa–, apontou o deputado paraense em declarações difundidas pelo PT.
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Geraldo declarou que o dirigente atacou verbalmente Stang durante uma reunião de prefeitos da região para discutir os PDS e que “realizava uma ofensiva muito grande contra a irmã Dorothy".
Em sua entrevista com a comissão de senadores, os pistoleiros declararam que madeireiros e políticos da região teriam feito um consórcio para proteger os detidos.
Segundo os homicidas, um dia depois do assassinato de Stang, entrevistaram-se com o Vitalmiro Moura –um fazendeiro que é procurado pelas autoridades e apontado como mandante do crime–, quem lhes prometeu que poderiam usar um avião de pequeno porte para a fuga.
Por sua vez, Augusto Septiminio, advogado de Moura, declarou há alguns dias que desconhecia o paradeiro de seu cliente, mas que era provável que se entregasse à polícia uma vez que esta concluíra a investigação.
Os acusados declararam que ofereceram 20 mil dólares para matar a religiosa, mas que só receberam quatro mil. Segundo testemunhas, o crime foi encomendado devido a que Moura temia perder terras que eram limítrofes com um assentamento camponês onde trabalhava a missionária.