GUANAJUATO, 25 de mar de 2012 às 17:47
O Papa Bento XVI presidiu neste domingo uma solene Eucaristia diante de mais de 600 mil fiéis reunidos no Parque Bicentenário ao pé da Colina do Cubilete em Guanajuato. Em sua homilia ele pediu aos cristãos do México e de toda a América Latina, ter um “coração novo” e recordou que o reinado de Cristo “funda-se num poder maior, que conquista os corações: o amor de Deus, que Ele trouxe ao mundo com o seu sacrifício, e a verdade de que deu testemunho”.
Depois de agradecer a Dom José Guadalupe Martín Rábago, Arcebispo de León, por suas palavras de boas-vindas, o Papa saudou os bispos mexicanos e latino-americanos, as autoridades e todos os presentes reunidos sob o monumento a Cristo Rei que coroa a Colina do Cubilete.
O Pontífice refletiu sobre as leituras e o Evangelho deste domingo, incluindo o Salmo 50 e o versículo “criai em mim, Senhor, um coração puro”, explicando que “esta súplica manifesta a profundidade com que devemos preparar-nos para celebrar, na próxima semana, o grande mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. E ajuda-nos também a olhar no íntimo do coração humano, especialmente em momentos feitos de sofrimento e de esperança como os que atravessam atualmente o povo mexicano e outros povos da América Latina”.
“Um coração puro, um coração novo, é aquele que se reconhece impotente por si mesmo e se coloca nas mãos de Deus para continuar a esperar nas suas promessas”, adicionou.
O Papa recordou que “A história de Israel narra também grandes proezas e batalhas, mas quando se trata da sua vida mais autêntica, do seu destino mais decisivo, isto é, da salvação, mais do que em suas próprias forças, Israel depõe a sua esperança em Deus, que pode criar um coração novo, sensível e submisso”.
“Hoje, isto pode recordar a cada um de nós e aos nossos povos que, quando se trata da vida pessoal e comunitária na sua dimensão mais profunda, não bastam as estratégias humanas para nos salvar. Temos, também nós, de recorrer ao Único que nos pode dar vida em plenitude, porque Ele mesmo é a essência da vida e o seu autor, tendo-nos feito participantes dela por seu Filho Jesus Cristo”, assinalou.
Do mesmo modo, afirmou que a glória de Jesus começará “na cruz, da qual atrairá todos para si”.
Bento XVI recordou que “João Paulo II, meu venerado predecessor, embora o desejasse ardentemente, não pôde visitar este lugar emblemático da fé do povo mexicano nas viagens que fez a esta amada terra”.
“Hoje certamente rejubilará no Céu pela graça que o Senhor me concedeu de poder estar agora convosco, como terá abençoado também tantos milhões de mexicanos que ainda recentemente quiseram venerar as suas relíquias em todos os cantos do país”.
Referindo-se ao monumento que representa a Cristo Rei no alto da Colina do Cubilete, explicou que “as coroas que O acompanham – uma de soberano e outra de espinhos –, indicam que a sua realeza não é como muitos a entenderam e entendem. O seu reino não consiste no poder dos seus exércitos submeterem os outros pela força ou pela violência; funda-se num poder maior, que conquista os corações: o amor de Deus, que Ele trouxe ao mundo com o seu sacrifício, e a verdade de que deu testemunho. Este é o seu domínio, que ninguém Lhe poderá tirar e que ninguém deve esquecer.”.
“Por isso é justo que este santuário seja, acima de tudo, um lugar de peregrinação, oração fervorosa, conversão, reconciliação, busca da verdade e acolhimento da graça. Pedimos a Jesus Cristo que reine nos nossos corações, tornando-os puros, dóceis, cheios de esperança e corajosos na sua humildade”.
O Papa também refletiu sobre o bicentenário do nascimento da nação mexicana e pediu a Cristo “um coração puro, onde Ele possa habitar como Príncipe da paz, graças ao poder de Deus que é o poder do bem, o poder do amor.”.
Recordou que “para que Deus habite em nós, é preciso escutá-Lo, deixar-se interpelar cada dia pela sua Palavra, meditando-a no próprio coração, a exemplo de Maria. Assim cresce a nossa amizade pessoal com Ele, aprende-se o que Ele espera de nós e recebe-se alento para o darmos a conhecer aos outros”.
“Na Conferência de Aparecida, os Bispos da América Latina e do Caribe reconheceram, com clarividência, a necessidade de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho, radicada na história destas terras, «a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários», referiu Bento XVI.
“E a Missão Continental, que agora se está realizando de diocese em diocese neste Continente, tem precisamente como objetivo fazer chegar esta convicção a todos os cristãos e às comunidades eclesiais, para que resistam à tentação duma fé superficial e rotineira, por vezes fragmentária e incoerente
“Também aqui se tem que superar o cansaço da fé e recuperar a alegria de ser cristãos, de estar sustentados pela felicidade interior de conhecer cristo e de pertencer a sua Igreja”, indicou.
“Pedimos à Virgem Maria que nos ajude a purificar o nosso coração, tanto mais que já se aproxima a celebração da festa da Páscoa, para que cheguemos a participar melhor no Mistério de salvação do seu Filho, tal como Ela o deu a conhecer nestas terras. E pedimos-Lhe também que continue a acompanhar e proteger os seus diletos filhos mexicanos e latino-americanos, para que Cristo reine nas suas vidas e os ajude a promover com coragem a paz, a concórdia, a justiça e a solidariedade. Amém”.