FORTALEZA, 12 de abr de 2012 às 18:53
Apesar da aprovação do aborto de crianças anencéfalas sancionada hoje
pelo Supremo Tribunal Federal, a Consagrada na Comunidade de Aliança
Shalom, Ana Cecília Araújo, que em 2000 deu à luz a uma criança com esta
enfermidade, ofereceu nesta quinta-feira, 11, um testemunho no qual
afirma que a vida sempre vale a pena. A sua filha Maria Tereza foi
diagnosticada com a doença ainda no inicio da gestação e viveu 103 dias.
Segundo Ana Cecilia, o aborto nunca foi uma opção e afirmou sobre a
pequena: “apesar de sua limitação, sua vida anunciava e denunciava que a
vida vale a pena ser vivida em sua plenitude”.
“Amei-a com todas as minhas forças, tão profundamente que não tenho palavras para expressar. Amei-a como ela era, não querendo que fosse outra pessoa, mas ela, o ser dela, a alma dela, o corpo dela”, conta a mãe em seu testemunho enviado à redação de ACI Digital.
O caso de Maria Tereza foi considerado altamente grave pelos médicos e, por isso, a criança recebeu o sacramento do batismo imediatamente após o nascimento. Mas, para a surpresa da equipe médica, o bebê reagiu bem aos primeiros dias de internação e com apenas 20 dias recebeu alta do hospital. Ao contrário do argumento de grupos abortistas, Ana Cecília diz que teve uma gravidez tranquila.
“Enquanto muitos médicos recomendam o aborto para esse caso, minha médica, Dra. Francy Emília Moura, honrou sua profissão, zelando pela vida. Acolheu-nos, fazendo tudo para que a gravidez fosse a mais tranqüila possível. E assim aconteceu!”, recorda Ana Cecília, que já era mãe de outros 3 filhos quando nasceu Maria Tereza: Ana Karine, Felipe José e Maria Clara.
Nos dias em que o Supremo Tribunal Federal votava o recurso de lei que legalizou o aborto dos bebês diagnosticados com anencefalia, Ana Cecília afirmou que era capaz de sentir a luta da filha pela vida: “Esta criança quer viver, ela vai viver”. Maria Tereza não desistiu de sua existência (...). Deus realizou algo tão profundo dentro dela que, apesar de sua limitação, sua vida anunciava e denunciava que a vida vale a pena ser vivida em sua plenitude, mesmo que as maiores e mais sinceras justificativas digam que não”.
“Quem somos nós para arbitrar no sagrado dom da existência?”, questionou a mãe que viveu os treze meses de vida da sua pequena como um dom de Deus pelo qual ela agradece.
“Obrigada, Senhor, por a haveres criado! Só alegria brotava dentro do meu coração! Um mistério de amor!”, expressou.
Ana Cecília e seu esposo são do Ceará, no nordeste do Brasil. No seu testemunho ela também afirma no que lembra que encontrou em Deus o sentido para lutar pela vida de sua filha: “Minha dor lentamente se convertia em oferta de amor por todos os homens, pela minha família, pela minha comunidade, por todos que, doando suas vidas, me formaram na vocação Shalom, sendo exemplo de fé e esperança no Deus Vivo.”
“Um dia me perguntava por que Jesus passou ainda quarenta dias com os seus, após sua ressurreição. E, olhando para minha filha, pude compreender que aqueles a quem Jesus amava precisavam experimentar concretamente o poder da ressurreição, a graça do amor gratuito, assim como eu experimentei nos dias em que Maria Tereza passou entre nós”, conta.
“Sinceramente, agradeço a todos que rezaram por nós e foram presença da misericórdia do Deus Justo. Avancemos livremente no amor, pois só ele permanece! (...) Tereza foi concebida na Quaresma, nasceu no Advento e foi para o Pai na Quaresma do ano seguinte. Um ano de bênçãos vivemos ao seu lado. Hoje somos uma família mais feliz, fomos tocamos pela dor e pelo amor”, resume Ana Cecília Araújo.