O Arcebispo de Milão, Cardeal Angelo Scola, apresentou o livro "Um olhar católico. Cem editoriais do L’Osservatore Romano (LOR)", que ressalta o trabalho construtivo que a opinião do jornal vaticano refletiu por 150 anos em prol das sociedades de todo o mundo.

A obra oferece uma seleção de cem editoriais do jornal vaticano publicados nos últimos quatro anos de trabalho, marcados pela direção de Giovanni Maria Vian, que assumiu tarefa de editor no ano 2007.

Em entrevista com o grupo ACI, o Diretor de L’Osservatore Romano, Giovanni Maria Vian, explicou que esta recopilação é "especialmente importante porque apresenta um olhar católico que pretende olhar além dos limites culturais ou geográficos, um olhar universal que tem a Santa Sé, e que também é um olhar católico no sentido de fé".

Vian sublinhou que a obra desde o berço do catolicismo, "não esconde seu ponto de vista, mas é capaz de hospedar outros pontos de vista de cristãos, de outros crentes, e de leigos".

O diretor do LOR considerou que nestes momentos é fundamental a opinião da Igreja Católica, porque é "a única instituição internacional capaz de elaborar uma cultura diferente da cultura dominante, e algo mais que uma cultura, uma predicação, uma presença que está a favor do ser humano".

O papel do jornal vaticano nos últimos tempos, é "um papel coerente com sua história, busca apresentar uma cara de amizade e de interesse para o mundo em nome da Santa Sé", adicionou.

Vian assinalou também ao grupo ACI, que estar à direção do LOR é "uma grande honra e sobre tudo uma grande responsabilidade". "Não tento pensar muito nisto, pois a responsabilidade é enorme, tento enfrentá-la cada dia com grandes ajudas dos superiores e dos companheiros, porque é um trabalho em equipe", concluiu.

Por sua parte, o Cardeal Scola, valendo-se de um texto publicado por Giovanni Battista Montini, que mais tarde se tornou o Papa Paulo VI, destacou durante a apresentação, a "contribuição que o L’Osservatore Romano oferece mais que nunca à atual sociedade plural".

O Cardeal assinalou que o L’Osservatore Romano estimula o leitor a definir-se, a julgar e a refletir sobre o encontro com Deus, e indicou que o jornal vaticano é um ponto de apoio de grande valor para os católicos espalhados por todo o mundo, porque os ajuda "a viver uma autêntica experiência eclesial".

O Cardeal Scola considerou que a essência do LOR se caracteriza "pela internacionalidade, o ecumenismo, o diálogo interreligioso, os grandes temas da bioética e da ciência, da economia, assim como o recurso a colaboradores curiosos do mundo inteiro, expoentes de outras confissões e religiões ou leigos, dando um peso especial às mulheres".

O L’Osservatore Romano  é "um instrumento precioso do necessário narrar-se e deixar-se narrar que é inevitavelmente requerido em uma sociedade plural para tender ao máximo reconhecimento recíproco".

Neste sentido, o Cardeal defendeu que a fé é cultura, e as culturas interpretam a fé "não sempre respeitando sua verdadeira natureza, muito freqüentemente reduzindo-a, ou inclusive instrumentalizando-a, como acontece de modo dolorosamente clamoroso nos fundamentalismos integristas, com freqüência violentos", denunciou.

Finalmente, o Cardeal Scola destacou novamente os escritos de Paulo VI a quem considerou um adiantado ao ensinamento da declaração conciliar Dignitatis humanae, com a qual o Vaticano II afirmou “que os direitos de Deus e os da consciência humana de maneira nenhuma estão em contradição".

"Reler os cem editoriais do volume ‘Um olhar católico’ constitui uma confirmação desta verdade", concluiu.

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