CARACAS, 19 de abr de 2012 às 08:50
O Bispo Emérito de Carora (Venezuela), Dom Eduardo Herrera Riera, que padece um câncer terminal, enviou uma carta pública ao presidente Hugo Chávez exortando-o a deixar a soberba, arrepender-se de seus pecados e reparar as injustiças, se deseja compartilhar a "felicidade eterna no Reino de nosso Deus e Senhor".
Na carta, o Prelado recorda a Chávez que não basta dizer "Senhor, Senhor" para entrar em Céu, mas atuar segundo a vontade de Deus e reparar os danos cometidos, que no seu caso vai desde os encarceramentos injustos, às expropriações ilegais e "sua inexplicável predicação do ódio e da violência" que encheram de sangue a Venezuela.
O Bispo Emérito adverte ao Presidente venezuelano que estas injustiças foram impulsionadas pela soberba do mandatário, o pecado que condenou Lúcifer, o anjo que se tornou Satanás.
“Há uma frase de Jesus no Evangelho, que por certo acaba de ser citada pelo Cardeal Urosa na Televisão, que diz: ‘Não todo o que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas o que cumpre a vontade de meu Padre Celestial’. O Sr. deu diversas demonstrações de fé e de confiança em Deus, chamando-o "Meu Deusinho", abraçando e beijando crucifixos, visitando o santuário do Santo Cristo de La Grita e muitas outras coisas pelo estilo.
“Se tudo isso foi feito com sinceridade, é muito louvável e o aplaudo; mas, infelizmente, isso não basta para receber o perdão de Deus e entrar no reino dos céus. É estritamente necessário, além disso, reparar o mal e as injustiças que causaram às pessoas e às instituições, e que você levado por sua soberba, cometeu-as em inumeráveis ocasiões”, disse o bispo.
“‘O grande pecado’ a sagrada escritura chama de soberba”, asseverou Dom Herrera.
“Como lhe dizia, senhor Presidente, O Sr. cometeu muitas e muito graves injustiças. Só para recodar-lhe alguns casos mais emblemáticos: A injusta prisão de María de Lourdes Afiuni e a dos três comandantes da polícia; e assim como eles, inumeráveis casos mais que causaram graves sofrimentos a eles e às suas famílias”, escreveu.
“Se o Sr. quiser o perdão de Deus deve reparar e pagar sem demoras as centenas de afetados, sejam pessoas particulares ou instituições”, afirmou o bispo.
“Haveria, senhor Presidente, alguns outros pecados sobre os quais deveria chamar a sua atenção, mas não quero terminar sem fazer que o Sr. veja sua culpa em sua inexplicável negligência de enfrentar com decisão a horrorosa corrupção que assola a Venezuela, tanto assim muitos pensam em sua cumplicidade nesses fatos”.
“Dirijo-lhe esta já larga carta, publicamente, porque quero que a leiam também seus seguidores. Também eles, se querem salvar suas almas, têm a gravíssima obrigação de pedir com a maior sinceridade de seus corações o perdão de Deus e reparar todas as tropelias e injustiças cometidas”, disse o prelado em sua carta ao presidente Chávez.
“Como o Sr. poderá apreciar, meu estimado Presidente, falei-lhe, possivelmente com muita rudeza, mas com o melhor e mais santo desejo de que algum dia nos encontremos gozando da felicidade eterna no Reino de venezuelano que também se encontra em tratamento de câncer.