REDAÇÃO CENTRAL, 21 de mai de 2012 às 21:57
O perito teólogo e sacerdote jesuíta uruguaio Horacio Bojorge criticou as heresias difundidas pelo monge beneditino Anselm Grün, aceitas por alguns católicos sem considerar sua nociva influência. O monge também tem obras traduzidas ao português publicadas por diversas editoras.
Em uma minuciosa recoleção de artigos enviado ao grupo ACI, o Pe. Bojorge assinala que em seus livros, Grün "reduz a mensagem revelação das Sagradas Escrituras; primeiro, porque o interpreta em forma acomodada e segundo porque, mediante este sentido não bíblico, ele o homologa com afirmações de ordem psicológica, fazendo assim do Evangelho um livro de auto-ajuda".
"O crédulo leitor se encontra com o relato evangélico e seu sentido literário tradicional que já conhece, mas também recebe, no mesmo prato, a acomodação psicológica, como se esta fosse igualmente válida".
O Pe. Bojorge advertiu que nessa "acomodação psicológica, uma ressurreição pode converter-se simplesmente em uma cura e ser tratada como tal. E uma possessão demoníaca pode converter-se em um estado de exasperação emocional e psicológica". "Não se nega a ressurreição, mas se apresenta como alternativa válida uma interpretação que a explica como cura. Não se nega a ação demoníaca por possessão, obsessão ou tentação, mas se fala das próprias sombras’".
Por isso, o sacerdote jesuíta considerou urgente "avisar que o hoje tão difundido magistério espiritual do beneditino alemão Anselm Grün navega na corrente modernista. E estende produzindo separações muito daninhas, por serem parecidas com o reto caminho da fé e da espiritualidade católica".
O Pe. Bojorge indicou que os escritos de Anselm Grün pertencem "à família dos que podemos chamar os erros psicologistas. Têm em comum com a teologia da libertação o fato que não têm como meta apresentar o sentido autêntico da Escritura tal como sempre foi interpretado pela Igreja e segundo a fé católica, mas usam dos textos bíblicos com uma intenção alheia ao seu sentido literal e autêntico".
O sacerdote jesuíta indicou que assim como para a teologia marxista da libertação, a meta é a liberdade política, para o pensamento difundido por Anselm Grün, o objetivo é "a liberdade psicológica do indivíduo".
O Pe. Bojorge remarcou que o pensamento de Grün está fundamentado sobre as idéias do psicanalista Carl Jung e do Pe. Eugen Drewermann, que foi afastado do sacerdócio pelo seu bispo, precisamente por seus ensinamentos psicologistas.
O jesuíta criticou que Anselm Grün atribua, arbitrariamente, aos textos da Bíblia "um sentido de ordem psicológica, do ‘imaginário’ que entretanto ele apresenta como se fosse um melhor sentido que o sentido literal, que qualifica, plana e sinceramente, desdizendo desaprensivamente a tradição e o magistério, de ‘inútil’".
De acordo ao Pe. Horacio Bojorge, na prédica do Grün, "o Jesus da história que apresentam os Evangelhos é relegado à ordem da fantasia mítica e o ‘resgata’ da insignificância à significação mediante ‘recuperações’ ideológicas, políticas ou psicologistas".
"A liberdade da que fala Anselm Grün não é a mesma da qual Jesus falou e lemos em Marcos", asseverou o perito.
Segundo explicou o sacerdote jesuíta, para Anselm Grün, a liberdade é "a integração dos contrários, a integração da sombra junguiana, que é inaceitável para a espiritualidade cristã, porque implica aceitar o pecado e até o demoníaco, para integrá-los na unificação do ego".