VATICANO, 29 de mai de 2012 às 15:59
O diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Padre Federico Lombardi expressou neste 29 de maio o repúdio e o pesar do Papa Bento XVI pelo massacre de Hula, ao norte de Homs (Síria), onde, na semana passada, mais de cem pessoas, a maioria mulheres e crianças menores de 10 anos, foram brutalmente assassinados por soldados e milicianos ligados ao regime de Bashar Al Asad.
Enquanto o governo culpa terroristas armados pelo ocorrido em Hula, os sobreviventes apontam o exército e a tropa favorável ao governo conhecida como shabiha como os autores do massacre.
Os assassinos usaram tanques e artilharia pesada contra os habitantes e também entraram casa por casa para balear e degolar as vítimas.
As imagens da barbárie deram a volta ao mundo e motivaram o rechaço da ONU e da comunidade internacional. Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Canadá, Austrália e Itália expulsaram os diplomatas sírios de seus países.
Em um comunicado de imprensa, o Padre Lombardi indicou que este massacre "geram grande dor e profunda preocupação tanto para o Santo Padre como para toda a comunidade católica".
"Ao renovar seu chamado ao afastamento de toda forma de violência –continua o texto-, a Santa Sé exorta as partes interessadas e toda a comunidade internacional a não poupar esforços para resolver a crise através do diálogo e da reconciliação".
"Também os líderes e os fiéis das diversas religiões, com a oração e a colaboração eventual, estão chamados a promover com grande compromisso a desejada paz, para o bem de toda a população", conclui o comunicado.
O conflito na Síria deixou mais de dez mil mortos desde janeiro de 2011 quando teve início.
A luta armada entre opositores e militantes de Bashar Al Asad–que governa a Síria desde 2000, sucedendo o seu pai que governou o país por 30 anos- foi influenciada pelos protestos de Tunísia, Egito e Líbia, onde a população conseguiu derrubar ditaduras instalada décadas atrás.
A situação dos cristãos em Homs
"Tememos um cenário como o do Iraque, onde numerosos cristãos são ameaçados ou inclusive assassinados, obrigados a fugir ou nem se atrevem a sair às ruas", declarou o Arcebispo de Homs e Hama, Dom Silvanus Petros Alnemeh em recentes declarações à fundação pontfícia Ajuda à Igreja que Sofre, antes do massacre. Segundo os dados fornecidos pelo prelado, só no território de Homs 50.000 cristãos já abandonaram a cidade; muitos se alojam nos arredores ou em casas de parentes. Segundo partilhou o Bispo, ele mesmo já não reside em Homs devido ao conflito.
"A Igreja é símbolo de justiça e paz... e não de corrupção pelo Governo nem de violência em nome de Alá", afirmou por sua parte o Arcebispo de Jezira e Euphrates, Dom Eustathius Matta Roham. Segundo ele "só os diálogos podem trazer a paz e, assim, possibilitar que os refugiados retornem".
"O que aconteceu em Homs pode ocorrer também em outras cidades", continuou o Arcebispo Dom Eustathius que destacou a complexa e tensa situação entre os grupos rebeldes e as forças do governo.
Os dois Bispos pediram oração e apoio para os habitantes da Síria, em especial os cristãos. Segundo os prelados, a situação é ainda pior do que se pode imaginar.