O Papa Bento XVI pediu às famílias que recordem que, apesar das dificuldades que enfrenta a vocação matrimonial nestes tempos, o amor é “a única força que pode verdadeiramente transformar o mundo”.

Em sua homilia durante a Missa de encerramento do VII Encontro Mundial das Famílias, no Parque Bresso de Milão diante de mais de um milhão de fiéis, Bento XVI assinalou aos esposos presentes no evento que “na vivência do matrimônio, não dais qualquer coisa ou alguma atividade, mas a vida inteira. E o vosso amor é fecundo, antes de mais nada, para vós mesmos, porque desejais e realizais o bem um do outro, experimentando a alegria do receber e do dar”.

“Depois é fecundo na procriação generosa e responsável dos filhos, na solicitude carinhosa por eles e na educação cuidadosa e sábia. Finalmente é fecundo para a sociedade, porque a vida familiar é a primeira e insubstituível escola das virtudes sociais, tais como o respeito pelas pessoas, a gratuidade, a confiança, a responsabilidade, a solidariedade, a cooperação”.

O Santo Padre precisou que “Não é só a Igreja que é chamada a ser imagem do Deus Uno em Três Pessoas, mas também a família fundada no matrimônio entre o homem e a mulher. No princípio, de fato, «Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus: Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: "Crescei e multiplicai-vos"» (Gn 1, 27-28)”.

“Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade, mas também com características próprias e complementares, para que os dois fossem dom um para o outro, se valorizassem reciprocamente e realizassem uma comunidade de amor e de vida. O amor é o que faz da pessoa humana a autêntica imagem de Deus”, completou.

“Aos vossos olhos foi oferecido o testemunho de tantas famílias, que indicam os caminhos para crescer no amor: manter um relacionamento perseverante com Deus e participar na vida eclesial, cultivar o diálogo, respeitar o ponto de vista do outro, estar disponíveis para servir, ser paciente com os defeitos alheios, saber perdoar e pedir perdão, superar com inteligência e humildade os possíveis conflitos, concordar as diretrizes educacionais, estar abertos às outras famílias, atentos aos pobres, ser responsáveis na sociedade civil”.

Bento XVI sublinhou que “todos estes são elementos que constroem a família. Vivei-os com coragem, pois na medida em que, com o apoio da graça divina, viverdes o amor mútuo e para com todos, tornar-vos-eis um Evangelho vivo, uma verdadeira Igreja doméstica”.

O Santo Padre pediu aos esposos cuidar dos seus filhos e, “num mundo dominado pela técnica”, transmitir-lhes com serenidade e confiança as razões para viver, a força da fé desvendando-lhes metas altas e servindo-lhes de apoio nas fragilidades.
“Mas também vós, filhos, sabei manter sempre uma relação de profundo afeto e solícito cuidado com os vossos pais, e as relações entre irmãos e irmãs sejam também oportunidade para crescer no amor”.

Em sua homilia, o Papa recomendou às famílias que peçam freqüentemente a ajuda da Virgem Maria e São José para ensinar-lhes a acolher o amor de Deus, tal como eles o acolheram.

Bento XVI também se dirigiu a aqueles fiéis que, apesar de compartilhar e viver os ensinos da Igreja sobre a família “estão marcados por experiências dolorosas de falência e separação. Sabei que o Papa e a Igreja vos apoiam na vossa fadiga. Encorajo-vos a permanecer unidos às vossas comunidades, enquanto almejo que as dioceses assumam adequadas iniciativas de acolhimento e proximidade”.

O Papa recordou às famílias que “para nós, cristãos, o dia de festa é o Domingo, dia do Senhor, Páscoa semanal”.

“Queridas famílias, mesmo nos ritmos acelerados do nosso tempo, não percais o sentido do dia do Senhor! É como o oásis onde parar para saborear a alegria do encontro e saciar a nossa sede de Deus”.

O Papa destacou que família, trabalho e festa são “três dons de Deus, três dimensões da nossa vida que se devem encontrar num equilíbrio harmonioso”.

“Harmonizar os horários do trabalho e as exigências da família, a profissão e a maternidade, o trabalho e a festa é importante para construir sociedades com um rosto humano”.

Bento XVI afirmou que “É preciso educar-se para crer, em primeiro lugar na família, no amor autêntico: o amor que vem de Deus e nos une a Ele e, por isso mesmo, «nos transforma em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja "tudo em todos" (1 Cor 15, 28)»”.

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