RIO DE JANEIRO, 13 de jun de 2012 às 11:28
No contexto da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio +20, membros de diversas religiões promoverão uma Vigília Ecumênica na noite deste 17 de junho, na qual formarão uma espécie de candelabro humano, acendendo velas para pedir pela defesa de sete direitos humanos, entre eles, os “direitos sexuais e reprodutivos”. Segundo o perito peruano em temas de vida e família, Carlos Pólo, a presença da Igreja Católica no evento poderia dar a entender que Ela apoia estes supostos “direitos”, rechaçados e criticados reiteradamente pelo Magistério Pontifício e pelas representações da Santa Sé ante a ONU .
Segundo o artigo de Polo intitulado “Vigília Ecumênica na Rio + 20: preparam fraude mediático para mostrar a Igreja Católica apoiando Direitos Sexuais e Reprodutivos”, aparecido nesta terça-feira, 12, o diretor para América Latina do Population Research Institute, uma entidade especializada em temas de defesa da vida e população, afirma que “diversos analistas e representantes de organizações internacionais nos advertiam que a Rio + 20 seria uma oportunidade ideal para pressionar a Igreja Católica”.
“Os lobbystas dos direitos sexuais e reprodutivos não perderão oportunidade para desinformar a opinião pública, principalmente católica, neste Continente para mostrar uma foto de um católico acendendo uma vela por sua causa”, revela o diretor do PRI para o continente latino-americano.
A controvertida Vigília é iniciativa de uma “coalizão ecumênica e inter-religiosa” chamada "Religiões por Direitos" (RdP) formada especialmente para a Cúpula dos Povos, um evento cujo comitê organizador reúne entidades de cunho marxista como a Central Única dos Trabalhadores, e de corte feminista como a Marcha Mundial das Mulheres.
O site oficial da Cúpula detalha que para a Vigília “serão escolhidas cerca de cinco lideranças das principais redes que compõem a Cúpula dos Povos para que apresentem aos participantes seus desejos por um mundo melhor e toquem o sino da paz”. Porém, o momento central do evento do dia 17 será a leitura de sete direitos que a coalizão ecumênica “Religiões por Direitos” apóia.
“Durante a leitura de cada direito, um grupo acenderá velas e, ao final da leitura, um enorme candelabro se formará entre o público. Os sete direitos propostos pela RpD são os direitos das Comunidades Tradicionais; à Água e pela proteção do meio ambiente; à Alimentação; Direitos Sociais; Direitos Humanos, Sexuais e Reprodutivos; à Educação e Cultura; à comunicação”, afirma ainda a página web do evento.
Carlos Polo indicou que o conceito "Direitos Sexuais e Reprodutivos", foi “reiteradamente desqualificado pelo Magistério Pontifício e extremamente criticado pela Missões da Santa Sé na ONU tanto em Genebra como em Nova Iorque”. “A vinculação destes conceitos com o aborto, a homossexualidade e outros ameaças à vida e à família foi explicada com precisão pelo Lexicon, publicado pelo Pontifico Conselho para a família alguns anos atrás”, sublinhou.
Para Carlos Polo que participou da Conferência de Aparecida em 2007, “esta situação não é nova”.
“Organizações vinculadas à chamada Teologia Marxista da Liberação se enfocaram em reivindicar os temas ecológicos junto à ideologia de gênero e aos direitos sexuais e reprodutivos. Nessa ocasião, eles não só foram rechaçados pelos Bispos no texto final do documento de Aparecida, mas denunciou-se esta ideologia como anti-cristã”, concluiu Polo.
Polo relata também que a possível participação de algumas organizações católicas, especialmente aquelas vinculadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil na Vigília Ecumênica, é um fato “preocupante”.
Segundo o blog oficial da CNBB a entidade participará da Cúpula “por meio de duas Comissões Episcopais: a da Caridade, Justiça e Paz e a do Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, além da Comissão Brasileira de Justiça e Paz”. A assessoria de Imprensa da entidade disse-nos que o setor não estava informado sobre a presença de membros destas comissões na Vigília Ecumênica. O grupo ACI tentou entrar em contato na manhã da quarta-feira, com os responsáveis pelas comissões de Ecumenismo e Justiça e Paz da CNBB, mas estes não se encontravam disponíveis.
Por outra parte, Dom Antônio Augusto Duarte, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro garantiu a fontes da nossa agência que “nenhuma autoridade eclesiástica estará na Vigília Ecumênica”. O prelado ressaltou ainda que a Santa Sé enviará uma delegação de especialistas à Rio +20 como observadores, com o fim de analisar o conteúdo das propostas advindas da conferencia e especialmente os objetivos daquelas que poderiam significar investidas contra a dignidade da vida humana e da família.
O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, será o enviado especial do papa Bento XVI e chefe da Delegação da Santa Sé na Rio+20, que se realiza entre os dias 13 e 22 de junho na cidade do Rio de Janeiro. Segundo o Jornal O São Paulo, Dom Odilo foi comunicado da nomeação pelo núncio apostólico no Brasil, Dom Giovanni D'Aniello, por carta datada de 29 de maio.
A carta do Núncio informa, ainda, que também farão parte da Delegação da Santa Sé o arcebispo Dom Francis Chullikatt, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, os padres Philip J.Bené e Justin Wylie, e o advogado Lucas Swanepoel.