ROMA, 24 de jun de 2012 às 11:11
Investigadores da prestigiosa Universidade de Oxford, no Reino Unido, assinalaram que os ossos encontrados em uma igreja da Bulgária em 2010 poderiam ser os restos do S. João Batista, segundo as evidências que possuem até o momento.
Segundo um comunicado difundido pela universidade britânica no dia 15 de junho, uma das peças ósseas encontradas, que corresponde a um nódulo da mão direita e data do primeiro século depois de Cristo.
Os investigadores expressaram sua surpresa pelo achado, embora indicassem que só a evidência da data não pode provar definitivamente que o osso pertencia a João Batista.
Os ossos foram descobertos originalmente pelo arqueólogo Kazimir Popkonstantinov, em 2010, durante uma escavação em uma velha igreja chamada SvetiIvan (que se traduz como São João), em uma ilha da Bulgária. O nódulo é um dos seis ossos humanos encontrados, que incluem um dente e uma peça do crânio.
Os ossos estavam contidos em um pequeno sarcófago de mármore, debaixo do piso da igreja, perto do altar.
O professor Thomas Higham, que junto a Christopher Ramsey realizou a prova de carbono radioativo nos ossos, expressou sua surpresa "quando a datação de carbono radioativo produziu esta idade muito precoce. Tínhamos suspeitado que os ossos poderiam ser mais recentes que isto, possivelmente do terceiro ou quarto século".
"De qualquer forma, o resultado do osso metacarpiano claramente consistente com alguém que viveu a começos do primeiro século depois de Cristo. Se essa pessoa é ou não João Batista é uma pergunta que não podemos responder definitivamente, e provavelmente nunca poderemos".
O doutor Hannes Schroeder e o professor EskeWillersley, ex-estudantes de Oxford, reconstruíram a completa seqüência genética do DNA mitocondrial dos ossos humanos, para estabelecer que são da mesma pessoa.
Os cientistas identificaram que o grupo genético correspondia ao mais frequentemente encontrado no Oriente Médio, a região onde nasceu e viveu João Batista, e que se tratava de um homem.
Shroeder indicou que "nossa preocupação é que os restos poderiam estar poluídos com DNA moderno. Entretanto, o DNA que encontramos nas amostras mostrou patrões de dano que são característicos de DNA antigo, o que nos deu confiança nos resultados".
"Isto não prova que estes os restos sejam de João o Batista, mas tampouco refuta essa teoria, já que as seqüências (genéticas) que obtivemos encaixam com sua origem no Oriente Médio".
Os arqueólogos búlgaros que encontraram os ossos também acharam uma pequena caixa perto do sarcófago, que tinha uma inscrição em grego antigo que menciona diretamente João o Batista.
Os especialistas estimam que essa caixa proveio da Capadocia, na moderna a Turquia, e chegou a Bulgária através da antiga cidade da Antioquia, onde a mão direita de São João teria permanecido até o século X.
Por outra parte, o investigador Georges Kazan, também de Oxford, através de um estudo histórico concluiu que no final do século IV, um grupo de monges levaram as relíquias do João Batista fora de Jerusalém, entre elas partes do crânio.
Depois disto, as relíquias teriam permanecido em Constantinopla, nas mãos da elite dessa cidade.
A investigação do doutor Kazan assinala que o relicário usado para conter os ossos de João Batista guarda semelhança com o que foi encontrado na Bulgária.
Segundo Kazan, "minha investigação sugere que durante o quinto ou ao começo do sexto século, o monastério de SvetiIvan poderia ter recebido uma porção significativa das relíquias do João Batista, assim como um precioso relicário em forma de sarcófago, da parte de um membro da elite de Constantinopla".
"Este presente poderia ter sido feito para dedicar ou re-dedicar a igreja e o monastério a São João, cujo benfeitor ou benfeitores poderiam ter apoiado economicamente", assinalou.