Um correio eletrônico filtrado pôs em evidência que a organização Faith in Public Life, vinculada ao Partido Democrata, realiza um trabalho mediático "atrás de câmaras" para debilitar os Bispos católicos dos Estados Unidos e os eventos como a campanha "Fortnight for Freedom" (Duas semanas pela Liberdade), que procuram mobilizar a população contra a legislação de Barack Obama que oprime a liberdade religiosa e impõe a compra de seguros de saúde que cobrem anticoncepção e o aborto mesmo para instituições religiosas.

Bill Donohue, presidente da Liga Católica para os Direitos Civis e Religiosos, enviou um correio detalhando a campanha contra os bispos no último 18 de junho. Nessa mensagem, ele indicou que o conteúdo foi filtrado a ele.

Donohue indicou em seu correio que "pessoas de mentalidade similar" podem estar em desacordo com a luta pela liberdade religiosa, "mas há algo indecoroso em marcha quando os que trabalham para um grupo financiado por George Soros estão fornecendo silenciosamente pontos de discussão aos meios de comunicação".

O correio eletrônico filtrado, com data de 7 de junho, foi escrito pelo diretor de programas católicos da Faith in Public Life, o Sr. John Gehring, e está dirigido a repórteres, editores e colunistas da mídia em geral. Nele Ghering se descreve a si mesmo como alguém "de segundo plano", e contém pontos de discussão, perguntas contraditórias para os bispos católicos e recomendações de peritos a serem entrevistados. Tudo isto no esforço de debilitar a opinião dos bispos na luta contra as políticas anti-vida e anti-família da administração Obama.

A mensagem parece redigida para formar uma narrativa que visa deixar mal ante a opinião pública as objeções católicas à normativa do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, por suas siglas em inglês), que vai obrigar que empregadores, incluindo instituições católicas, comprem seguros de saúde com cobertura para esterilizações, anticoncepção e medicamentos abortivos, contrariando seus princípios morais e religiosos.

Uma das perguntas que se recomenda fazer a um bispo diz: "Vocês estão dispostos a sacrificarem as organizações caritativas católicas, colégios e hospitais se não conseguem seu objetivo contra a normativa?".

"Vocês (bispos) estão dispostos a deixarem todos os seus empregados sem planos de saúde?", diz outra das perguntas recomendadas para desacreditar os prelados ante a opinião pública norte-americana.

O correio eletrônico motivava os jornalistas a "fazerem perguntas críticas" sobre as "grandes reclamações" dos bispos, à luz de um "cenário político carregado", para as eleições de 2012.

Na mensagem indicou-se que tanto as campanhas "Stand up for Religious Freedom" do último 8 de junho, como a "Fortnight for Freedom", atualmente em marcha até o dia 4 de julho, incluem dioceses católicas.

O grupo ACI procurou repetidamente a versão de Gehring e da Faith in Public Life, mas não obteve resposta.

Em seu website, Faith in Public Life se descreve como um "centro estratégico para a comunidade cristã que busca levar a fé no espaço público, como uma poderosa força de justiça, compaixão e de bem comum".

Faith in Public Life pode identificar "momentos de oportunidade, quando um evento objetivo ou campanha pode ser efetivamente ampliada ou mudar o debate sobre valores".

Esta organização trabalha para inserir sua perspectiva dentro dos debates políticos e para pôr de relevo a "progressistas e moderados da fé, nos momentos chave".

O correio de Gehring se enfocou apenas na anticoncepção e no "controle natal", mas não mencionou a cobertura da esterilização ou drogas anticoncepcionais que podem causar abortos.

A mensagem filtrada também sugere que os jornalistas deveriam rechaçar como "ficção", qualquer afirmação de que há uma "guerra contra a religião" e uma "guerra contra a Igreja Católica" nos EUA. Gehring também sugeriu aos meios de comunicação que perguntem se os bispos deveriam estar preocupados sobre a campanha pela liberdade religiosa "assumindo posturas políticas em um ano eleitoral".

Mais de 40 instituições católicas apresentaram um processo contra a norma abortista do governo de Barack Obama, enquanto distintos grupos religiosos organizaram manifestações pela liberdade religiosa em todo o país, incluindo a "Fortnight for Freedom" que não é uma iniciativa apenas dos bispos católicos.

Gehring animou os jornalistas e colunistas a perguntarem quem está financiando os esforços dos religiosos pela liberdade religiosa.

"Os jornalistas deveriam indagar os bispos a respeito dos Cavaleiros de Colombo (KofC pelas suas siglas em inglês), uma organização com bolsos profundos", recomendou Gehring no correio eletrônico.

Gehring tentou retratar o Cavaleiro Supremo e líder deste grupo católico, Carl Anderson, como um partidista político, indicando seu trabalho na administração do ex-presidente Ronald Reagan, e seu tempo como assistente legislativo do senador republicano Jesse Helms, no final da década de 70 e inícios da década de 80.

As fontes recomendadas aos meios de comunicação pela Faith in Public Life para serem entrevistados, tal como listados no correio de Gehring, são: o professor de leis da Duquesne University Nicholas Cafardi; Terrence W. Tilley, chefe do departamento de teologia da Fordham University; a professora de teologia do Boston College Lisa Sowle Cahill; a professora da Notre Dame Law School M. Cathleen Kaveny; o professor de estudos religiosos da Fairfield University Paul Lakeland; e o sacerdote jesuíta Thomas Reese, S.J. do Woodstock Theological Center.

Bill Donohue criticou o esforço mediático, dizendo que o correio eletrônico de Gehring animou os meios a "vitimizarem a vítima", e terminou assinalando aqueles que se recusam a desonrar seus princípios.

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