VATICANO, 30 de jun de 2012 às 16:27
O Papa Bento XVI assinalou que a história do papado se caracteriza pela coexistência de dois elementos: por uma parte constitui o fundamento da Igreja peregrina no tempo, e por outra, “ao longo dos séculos assoma também a fraqueza dos homens, que só a abertura à ação de Deus pode transformar”.
Ao presidir a Missa pela Solenidade de São Pedro e São Paulo ontem em Roma, o Santo Padre assinalou que “no Evangelho de hoje emerge com força a clara promessa de Jesus: ‘o poder do inferno’, quer dizer as forças do mal, não prevalecerão”, na qual “Pedro recebe garantias quanto ao futuro da Igreja, da nova comunidade fundada por Jesus Cristo e que se prolonga além da existência pessoal do próprio Pedro, ou seja, por todos os tempos.”.
Bento XVI também se referiu ao “símbolo das chaves”, e explicou que isto implica que ao Pedro, “como fiel administrador da mensagem de Cristo, compete-lhe abrir a porta do Reino dos Céus e decidir se alguém será aí acolhido ou rejeitado”.
“A expressão «ligar e desligar» pertencia à linguagem rabínica, aplicando-se tanto no contexto das decisões doutrinais como no do poder disciplinar, ou seja, a faculdade de infligir ou levantar a excomunhão. O paralelismo «na terra (...) nos Céus» assegura que as decisões de Pedro, no exercício desta sua função eclesial, têm valor também diante de Deus”.
O Papa assinalou que “os ditos de Jesus sobre a autoridade de Pedro e dos Apóstolos deixam transparecer precisamente que o poder de Deus é o amor: o amor que irradia a sua luz a partir do Calvário. Assim podemos compreender também por que motivo, na narração evangélica, à confissão de fé de Pedro se segue imediatamente o primeiro anúncio da paixão”.
“Foi com a sua própria morte que Jesus venceu as forças do inferno; com o seu sangue, Ele derramou sobre o mundo uma torrente imensa de misericórdia, que irriga, com as suas águas salutares, a humanidade inteira”, declarou o Papa.
O Santo Padre recordou que “a iconografia tradicional apresenta São Paulo com a espada, e sabemos que esta representa o instrumento do seu martírio. Mas, repassando os escritos do Apóstolo dos Gentios, descobrimos que a imagem da espada se refere a toda a sua missão de evangelizador”.
“Por exemplo, quando já sentia aproximar-se a morte, escreve a Timóteo: «Combati o bom combate» aqui não se trata seguramente do combate de um comandante, mas daquele de um arauto da Palavra de Deus, fiel a Cristo e à sua Igreja, por quem se consumou totalmente. Por isso mesmo, o Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou-o, juntamente com Pedro, como coluna no edifício espiritual da Igreja”.
Bento XVI também se dirigiu aos 47 Arcebispos metropolitanos dizendo: “Amados Metropolitas, o pálio, que vos entreguei, recordar-vos-á sempre que estais constituídos no e para o grande mistério de comunhão que é a Igreja, edifício espiritual construído sobre Cristo como pedra angular e, na sua dimensão terrena e histórica, sobre a rocha de Pedro. Animados por esta certeza, sintamo-nos todos juntos colaboradores da verdade, que – como sabemos – é una e «sinfônica», exigindo de cada um de nós e das nossas comunidades o esforço contínuo de conversão ao único Senhor na graça de um único Espírito. Que nos guie e acompanhe sempre no caminho da fé e da caridade, a Santa Mãe de Deus. Rainha dos Apóstolos, rogai por nós! “Nos sintamos juntos cooperadores da verdade, a qual, sabemos, uma e ‘sinfônica’, e reclama de cada um de nós e de nossa comunidade o empenho constante de conversão ao único Senhor na graça do único Espírito”.