VATICANO, 13 de ago de 2012 às 12:00
A Igreja na Europa celebrou a uma das suas padroeiras, Santa Edith Stein (Teresa Bendita da Cruz), judia que se converteu ao catolicismo e que depois de encarnar a reconciliação entre o pensamento e a fé, o diálogo inter-religioso e o verdadeiro feminismo, morreu no dia 9 de agosto de 1942 nas câmaras de gás de Auschwitz.
O jornal Avvenire informou que foi celebrada uma missa em sua homenagem nos campos de extermínio de Birkenau, na Polônia, na qual participou o Bispo de Speyer, em representação da Conferência Episcopal Alemã. Além disso, no domingo passado no Bad Neustadt, cidade da Baviera, inauguraram uma estátua em sua memória.
O abraço firme a Deus de uma ateia de origem judia
Edith Stein nasceu no Breslau, Alemanha, (hoje Broklaw, Polônia) no dia 12 de outubro de 1891 no seio de uma família judia de onze irmãos.
Em 1916, concluiu a sua tese e obteve o Doutorado em Filosofia com o grau de summa cum sentencie, e trabalhou com o filósofo Edmund Husserl, que dizia que ela era a melhor estudante de doutorado que ele teve.
Durante a Primeira Guerra Mundial colaborou junto com outras estudantes mulheres para trabalhar em hospitais militares repletos de disenteria e cólera, em reconhecimento ao seu serviço generoso, obteve a medalha ao valor.
Ao voltar da guerra, Edith retomou sua vida de estudante, mas as dúvidas profundas, a insaciável fome de verdade voltada para a filosofia, o testemunho de muitos cristãos e sobre tudo, a leitura da vida de Santa Teresa de Jesus, obtiveram nesta ateia convencida a sua conversão ao catolicismo, e no dia 1 de janeiro de 1922 recebeu o batismo.
Importante filósofa católica defensora do "verdadeiro feminismo"
Edith deixou sua carreira como estudante e por oito anos trabalhou como professora de alemão no Colégio das Irmãs Dominicanas no Speyer. Por esse período, continuou seus escritos em filosofia e começou a dar conferências dedicadas ao significado da mulher que a levaram ao Heidelberg, Zurich, Salzburg entre outras cidades.
Edith expôs claramente sua oposição radical ao feminismo e seu forte compromisso com o reconhecimento e desenvolvimento da mulher, e o valor da maturidade da vida cristã na mulher como resposta à vida contemporânea. Estiveram entre seus temas: "A Espiritualidade da mulher cristã", "Os princípios fundamentais da Educação da mulher", "Problemas na Educação da Mulher", "A Igreja, a mulher e a juventude" e "O significado intrínseco do valor da mulher na vida nacional".
Aos 42 anos, no dia 14 de outubro de 1933, Edith decidiu ingressar no convento carmelita em Colônia, e mudou o seu nome para Teresa Bendita pela sua devoção especial à paixão de Cristo e pela sua admiração a Teresa de Ávila.
Começa o Holocausto
No dia 8 de novembro de 1938 começou o Holocausto, o exército nazista atacou as sinagogas da Alemanha, e devido as suas origens judaicas, as religiosas carmelitas decidiram transladar a Edith, junto com a sua irmã Rosa, ao convento do Echt, na Holanda. Ali compôs três formosos atos de oblação, oferecendo-os pelo povo judeu, pela paz e pela santificação da Família Carmelita.
A incineração e os quartos de gás para judeus aumentaram ao Leste, e Edith, como milhares de judeus na Holanda foi chamada pelo exército nazista no Maastricht e do Conselheiro para os Judeus em Ámsterdam. Pediu um visto para Suíça junto com sua irmã, para ser transferidas ao Convento de Carmelitas do Paquier, mas podiam alojar somente a Edith, e ela não quis abandonar a sua irmã.
Inicialmente, a polícia nazista começou a exterminar aos judeus da Holanda ocupada, deixando de lado aos convertidos ao catolicismo. Entretanto, o Bispo dos Países Baixos redigiu uma carta pastoral para proclamar-se contra a deportação judia, e os nazistas ordenaram o extermínio também dos batizados judeus, entre eles estava Edith.
Na madrugada do dia 2 de agosto, os oficiais nazistas entraram no convento das carmelitas e levaram a Edith e a Rosa para a prisão no Amersfoort e Westerbork, o acampamento central de detenção no norte da Holanda. As testemunhas recordam o silêncio, a calma, a compostura, o auto-controle, o consolo para outras mulheres, e o cuidado que a religiosa tinha com as crianças, quem finalmente, antes do amanhecer do dia 7 de agosto de 1942, foi deportada de trem a Auschwitz.
Até 1950, não se soube nada dela, quando A Gazette Holandesa publicou a lista oficial dos nomes dos judeus que foram deportados da Holanda nos dia 7 de agosto de 1942, onde consta que não houve sobreviventes.
Isto é o que dizia a lista de deportados: "Número 44070. Edith Theresa Hedwig Stein, Nascida no Breslau no dia 12 de Outubro de 1891, Morta no dia 9 de Agosto de 1942".
Canonização de Edith: Filósofa, mística, religiosa, mártir e Santa de origem judia.
No dia 11 de outubro de 1998, o Beato Papa João Paulo II, proclamou-a Santa pela cura milagrosa de Teresa Bendita McCarthy, uma pequena menina de Boston (Estados Unidos), diagnosticada com uma doença hepática grave e irreversível.
Um ano mais tarde, Edith passou a ser co-padroeira da Europa junto à Santa Brígida da Suécia e Santa Catarina de Sena.
No dia 1 de outubro de 1999, durante a proclamação, João Paulo II expressou que Edith Stein estava chamada a representar a santidade que para a Europa "é o segredo do seu passado e a esperança do seu futuro".
Declará-la co-padroeira da Europa "significa pôr no horizonte do velho Continente uma bandeira de respeito, de tolerância, de acolhida, que convida aos homens e mulheres a compreender-se e aceitar-se mais além das diversidades étnicas, culturais e religiosas, para formar uma sociedade realmente fraterna", concluiu.