HAVANA, 17 de ago de 2012 às 08:41
A Diocese da Santa Clara (Cuba), desde o dia 11 de agosto conta com dois novos sacerdotes, os convertidos Neldo José Hernández Alonso e Maykel Águila Moya, que acolheram a fé católica na adolescência a pesar do processo de descristianização iniciado pelo regime comunista em 1959. Conforme informou a página da Conferência de Bispos Católicos de Cuba (COCC) no Facebook, a cerimônia foi presidida pelo Bispo de Santa Clara, Dom Marcelo González Amador, que agradeceu a Deus pelos novos sacerdotes e às famílias e comunidades cristãs por tê-los acompanhado na sua vocação. Do mesmo modo, o Prelado recordou aos novos presbíteros que o sacerdócio é um grande presente que exige vocação e fidelidade a Cristo, ao Bispo e à comunidade que servirão. Dom González indicou que seu caminho não estará isento de tentações, mas os animou a não ter medo e confiar no Senhor. É difícil ser católico Os novos sacerdotes, ambos de 33 anos de idade, cresceram em famílias que pouco a pouco foram deixando de lado a prática religiosa devido à pressão social e ao perigo que implicava ser católico em Cuba. "Nasci em uma família de grandes valores humanos, mas não fundamentados nos valores e na fé cristã que realmente são os mais importantes. A prática religiosa na minha família desgraçadamente foi sendo deixada de lado por falta de prática, por pressão social ou medo", relatou o agora Pe. Maykel Águila Moya. Em uma nota publicada em 2009 pelo blog Creerencuba.org, o então seminarista relatou que ele não foi batizado quando era pequeno. "Manifestar certas crenças religiosas poderia prejudicar-nos na sociedade", declarou. "Minha mãe quando era pequena ia à igreja e recebeu os sacramentos de iniciação cristã, mas quando as coisas foram mudando a fé foi ficando só na lembrança. Eu sempre me perguntava quando pequeno, por que na escola apontavam e olhavam diferente para os que iam à Igreja; porém, para mim eles eram os melhores alunos e os mais educados". Entretanto, foi a morte de seu pai –quando tinha 13 anos-, o que fez que questionasse "sobre a existência humana e sobre a vida depois da morte". "Alguns amigos me convidaram para ir à Igreja (…) desde esse momento tudo mudou na minha vida, fui conhecendo quem é Jesus de Nazaré", afirmou. "Vivi minha juventude como um jovem comum, com ilusões, esperanças, trabalhos, carências como outros cubanos, mas com a diferença de que sei que tenho um Deus em quem confiar, e com Ele não devo temer a nada nem a ninguém, pois Ele sempre está ao meu lado", expressou. Uma experiência similar viveu Neldo Hernández. Também em uma nota publicada no blog Creerencuba.org, o então seminarista recordou que quando era pequeno era levado pela sua avó à igreja Sancti Spíritus. Entretanto, as "inconveniências" que isto podia trazer, fez com que ela parasse de leva-lo. Entretanto, aos 14 anos pediu para ser batizado e retornou à Igreja "como o filho pródigo, golpeado pela vida, maltratado por eleições próprias e outras alheias". A partir daí afirmou que "tenho descoberto que Deus se aproveita inclusive dos muros que os outros levantam para sair ao nosso encontro. Que quem está caído e afastado encontrará os braços abertos de um Pai estendidos de um Filho, do mesmo modo que eu experimentei".