ROMA, 23 de ago de 2012 às 17:10
O Papa Bento XVI expressou suas condolências pelo trânsito à Casa do Pai ontem do Cardeal chinês Paul Shan Kuo-hsi, Bispo Emérito do Kaohsiung (Taiwán), à idade de 88 anos. Em 2006 lhe diagnosticaram câncer nos pulmões e a causa da sua morte foi uma pneumonia aguda derivada do câncer.
Conforme assinala o jornal Taiwan Today, quando recebeu o diagnóstico do câncer lhe disseram que tinha apenas seis meses de vida. Depois disso, percorreu Taiwán dando uma palestra titulada "Até logo minha vida" com a qual chegou a mais de 120 mil pessoas em escolas, prisões e hospitais.
No ano 2007 disse "vejo a doença como um dom de Deus, que me recorda que tenho que fazer bom uso dos dias que me faltam por viver. Sinto necessidade de compartilhar minha experiência e alentar as pessoas a fazer o melhor que possam cada dia que o Senhor nos dá".
Em seu telegrama de hoje ao atual Bispo do Kaohsiung, Dom Peter Liu Cheng-chung, o Papa Bento XVI afirma que "entristeceu-me profundamente saber da morte" do Cardeal Paul Shan kuo-hsi. "Com gratidão a Deus Todo-poderoso, recordo seus anos de dedicado serviço, assim como seu ministério como Bispo do Hwalien e como Presidente da Conferência Episcopal Regional da China".
"Ofereço a você, ao clero, aos religiosos e aos fiéis leigos dessa diocese, e de fato a toda a Igreja no Taiwán, minhas condolências e lhes asseguro minhas orações. Ao unir-me a você e aos que estão sofrendo, incluindo a seus irmãos jesuítas, encomendo sua alma sacerdotal à infinita misericórdia de Deus nosso amado Pai".
Para concluir, o Papa assinala no telegrama que "reparto a todos os reunidos para sua Missa funeral solene minha bênção apostólica, enquanto peço cordialmente a paz e o consolo do Senhor".
Conforme informa a agência vaticana Fides, o funeral do Cardeal Paul Shan Kuo-Hsi, cujos restos estão na igreja da Sagrada Família no Kaohsiung, será no próximo dia 1 de setembro, "com um rito simples e sóbrio, segundo a vontade que o Cardeal tinha manifestado em seu testamento".
Como queria o Cardeal, todas as ofertas recebidas serão destinadas à "Fundação do Shan Guo Xi para a assistência social das etnias e das classes desfavorecidas".
Além disso, sempre segundo sua vontade, na lápide do seu túmulo aparecerá como epitáfio a frase: "Nascido em Cristo, viveu em Cristo, morreu em Cristo: pertence a Cristo para sempre", em sintonia com seu lema episcopal, que era: "Instaurare omnia in Cristo (Instaurar tudo em Cristo)".
Sua figura suscitou admiração entre os líderes religiosos e as autoridades civis. "O Cardeal Shan não foi somente uma personalidade religiosa de grande misericórdia, mas foi sobretudo uma pessoa de uma imensa generosidade, paz e serenidade, que sempre admirei", declarou o conhecido líder budista Xing Yun.
Entre as autoridades civis, Ma Ying Yan, Presidente da República Chinesa (Taiwán), enviou uma mensagem de pêsames.
O Cardeal Shan, depois de ter descoberto em 2006 que tinha câncer, intensificou seu compromisso para promover a evangelização, interessando-se profundamente pela Igreja na China continental.
Apesar da idade e da enfermidade, não deixou nunca de apoiar aos Bispos e aos fiéis chineses, como demonstra sua "Carta do Cardeal Paul Shan aos irmãos no Episcopado", escrita em 2010, na qual solicitava a unidade e a reconciliação, com espírito de grande compreensão e fraternidade.
O Cardeal Shan nasceu dia 3 de dezembro de 1923 no Puyang na China (diocese do Taming). Foi ordenado sacerdote jesuíta dia 18 de março de 1955 no Baguio, Filipinas. Depois de um período no Vietnã, em 1976 é nomeado vigário Apostólico do Taipei.
No dia 15 de novembro de 1979 foi eleito Bispo do Hwalien. Recebeu a ordenação episcopal dia 14 de fevereiro de 1980. Em 1983 foi o encarregado das celebrações do 400° aniversário da chegada à China do Padre Matteo Ricci. No dia 4 de março de 1991 foi nomeado Bispo do Kaohsiung. Foi relator geral da Assembleia especial para a Ásia do Sínodo dos Bispos, que aconteceu em Roma do dia 19 de abril ao 14 de maio de 1998.
Foi ele quem teve a ideia de convidar a dois Bispos da China para o Sínodo, mas o governo chinês não deu a permissão para que eles participassem. Durante toda a duração do Sínodo, havia duas cadeiras vazias para recordar-lhes. Nesse mesmo ano, João Paulo II lhe nomeou Cardeal. Foi uma importante figura da Comissão Vaticana para a Igreja na China.