Em uma entrevista concedida à agência Associated Press, o reconhecido ativista cubano Oswaldo Payá assinalou que “a cultura do medo é o obstáculo mais importante que os cubanos devem superar para gerar uma mudança política pacífica e uma economia de livre mercado na ilha”.

“A diferença de outros regimes que utilizaram a força para controlar  seus cidadãos, o governo de Cuba infunde medo e castigos –desde o ostracismo até o encarceramento– para manter a ordem. Este regime domina através do medo'', anotou.

“Aqueles que se atrevem a falar contra o governo –continua Payá– podem perder seus empregos ou terminar na prisão. Seus filhos podem enfrentar a exclusão e discriminação nas escolas, e depois, em seus trabalhos”.

Payá denunciou que muitos colaboradores do Projeto Varela, que busca um referendo a favor da liberdade de expressão, de associação, de ir e vir e liberdade “para todos os detidos, condenados e encarcerados por motivos políticos, estão agora presos.

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“Cerca de 50 dos 75 dissidentes detidos e sentenciados a longas penas de prisão em 2003 eram líderes do Projeto Varela. As autoridades libertaram  15 dos 75 por motivos de saúde, mas só dois deles participaram do projeto”, anotou.

Finalmente, Payá indicou que espera “enfrentar diretamente a ansiedade com o Diálogo Nacional”, seu mais recente esforço para impulsionar a democracia e animar os cubanos a agir.

“É como uma terapia, para que as pessoas compreendam a origem de seu medo, a origem de seu status. É uma terapia onde os cubanos descobrem sua dignidade e descobrem que a vida pode ser diferente”, indicou.

O governo cubano sustenta que as pessoas como Payá são “contra-revolucionários” e insiste em que o sistema permite expressar as vozes dissidentes sempre que não ataquem diretamente à revolução socialista da ilha ou a seus líderes.