SANTIAGO, 25 de set de 2012 às 12:52
O Arcebispo de Santiago (Chile), recordou à sociedade que a cultura atual "tem um fundamento que é Deus"; além de assinalar a necessidade imediata de uma melhor distribuição da riqueza para melhorar a confiança no país. O Prelado advertiu ainda em recentes declarações ao jornal Mercurio, reproduzidas pelo site Iglesia.cl, que legalizar a maconha não solucionará o problema das drogas no país.
"Preocupa-me a crise de confiança no mundo político. O Chile pode crescer muito mais, muito mais em eqüidade, em solidariedade, em superação da extrema pobreza e pobreza, em uma distribuição justa dos bens. Isto, na medida em que a arte de governar encontre a confiança dos diversos projetos e haja uma colaboração para procurar o bem comum", expressou.
Dom Ezzati afirmou que isto se deve ao fato que a sociedade do bem-estar "não avançou ao mesmo ritma no aprofundamento da relação com o outro". Para isso, indicou, é preciso trabalhar na transmissão de valores dentro das famílias, porque "se os pais tiverem confiança nos seus filhos, os filhos acolherão o patrimônio que os pais transmitem".
Do mesmo modo, durante a entrevista o Arcebispo afirmou que conforme as instituições e a sociedade chilena amadureçam, a mediação da Igreja já não será necessária na solução de conflitos.
"É bom que a Igreja vá perdendo seu papel mediador, que ela vá cedendo, porque isto quer dizer que a sociedade é capaz de solucionar seus próprios problemas, embora sempre estaremos disponíveis", assinalou.
Sobre os casos de abusos sexuais cometidos por alguns clérigos, o Prelado disse que se está vivendo um segundo momento de recuperar a confiança. "Dependerá fundamentalmente da claridade com a que atuamos aqueles que temos responsabilidades na Igreja, e sobre tudo da qualidade da imensa maioria de sacerdotes que são muito queridos em suas comunidades", assinalou.
Nesse sentido, recordou a transparência com a que a Igreja atuou diante dos casos de abusos.
"Não sei se outras instituições foram tão abertas como a Igreja Católica para pôr sobre a mesa problemáticas dessa natureza. Não parece que sejamos heróis, reconhecemos nossa responsabilidade e rêmora", expressou.
Mons. Ezzati também afirmou que os jovens têm razões para protestar contra o lucro na educação, pois "descuidou-se uma dimensão que é fundamental que é a gratuidade, e não só a gratuidade econômica, mas também a gratuidade do fato educativo, da entrega educativa". Entretanto, esclareceu que a violência nunca é aceitável.
Finalmente, o Arcebispo da capital chilena rechaçou que o combate às drogas seja feito legalizando o consumo da maconha, pois isto terminará prejudicando os próprios jovens. O necessário é a prevenção, afirmou.