Vaticano, 17 de out de 2012 às 14:41
Diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro na manhã desta quarta-feira 17 de outubro, o Papa Bento XVI apresentou a oração do Credo como chave para a conversão pessoal e antídoto contra o relativismo e o subjetivismo. Com esta alocução Bento XVI começa um novo ciclo de catequeses que ele pronunciará durante o ano da Fé.
“Hoje gostaria de introduzir o novo ciclo de catequeses, que se desenvolve durante todo o Ano da Fé há pouco iniciado e que interrompe – por este período – o ciclo dedicado à escola da oração”, afirmou o Papa no início da sua alocução.
“A ocorrência dos cinquenta anos de abertura do Concílio Vaticano II é uma ocasião importante para retornar a Deus, para aprofundar e viver com maior coragem a própria fé, para fortalecer a adesão da Igreja, “mestra da humanidade”, que através do anúncio da Palavra, a celebração dos Sacramentos e as obras de caridade nos guia a encontrar e conhecer Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem”, sublinhou .
“Trata-se do encontro não com uma ideia ou com um projeto de vida, mas com uma Pessoa viva que transforma em profundidade nós mesmos, revelando-nos a nossa verdadeira identidade de filhos de Deus”.
“Ter fé no Senhor não é um fato que interessa somente à nossa inteligência, a área do saber intelectual, mas é uma mudança que envolve a vida, todos nós mesmos: sentimento, coração, inteligência, vontade, corporeidade, emoções, razões humanas”, ensinou o Papa.
Bento XVI advertiu que "hoje é necessário confrontar com clareza, enquanto as transformações culturais em ocorrência mostram sempre tantas formas de barbáries, que passam sobre o sinal de “conquistas da civilização”: a fé afirma que não há uma verdadeira humanidade se não nos lugares, nos gestos, nos tempos e nas formas em que o homem é animado pelo amor que vem de Deus, exprime-se como dom, manifesta-se em relações ricas de amor, de compaixão, de atenção e de serviço desinteressado para o outro. “
“Onde há domínio, desejo de posses, mercantilização, exploração do outro para o próprio egoísmo, onde tem arrogância do eu fechado em si mesmo, o homem está empobrecido, degradado, desfigurado. A fé cristã, operante na caridade e forte na esperança, não limita, mas humaniza a vida, de fato a torna plenamente humana", esclareceu o Pontífice.
"Eis então a maravilha da fé: Deus, no seu amor, cria em nós – por meio da obra do Espírito Santo – as condições adequadas para que possamos reconhecer a sua Palavra. Deus mesmo, na sua vontade de manifestar-se, de entrar em contato conosco, de fazer-se presente na nossa história, nos torna capazes de escutá-Lo e de acolhê-Lo", precisou.
“Mas onde encontramos a fórmula essencial da fé? Onde encontramos a verdade que nos foi fielmente transmitida e que constitui a luz para a nossa vida cotidiana? A resposta é simples: no Credo, na Profissão de Fé o Símbolo da fé, nós nos reportamos ao evento originário da Pessoa e da História de Jesus de Nazaré”, destacou Bento XVI
Sobre a importância do Credo ou Símbolo da Fé, o Santo Padre afirmou que “também hoje precisamos que o Credo seja melhor conhecido, compreendido e pregado. Sobretudo é importante que o Credo seja, por assim dizer, “reconhecido”. Conhecer, de fato, poderia ser uma operação somente intelectual, enquanto “reconhecer” quer significar a necessidade de descobrir a ligação profunda entre a verdade que professamos no Credo e a nossa existência cotidiana, para que esta verdade seja verdadeiramente e concretamente – como sempre foi – luz para os passos do nosso viver”.
"Em efeito, conhecer poderia ser uma ação só intelectual, enquanto que ‘reconhecer’ quer dizer a necessidade de descobrir a profunda conexão que há entre as verdades que professamos no Credo e nossa vida cotidiana, para que estas verdades sejam real e efetivamente –como sempre foram– luz para os passos de nossa vida, água que rega nosso caminho árido e sedento, vida que vence alguns desertos da vida contemporânea. No Credo se enxerta a vida moral do cristão, que nele encontra seu fundamento e sua justificação".
O Papa alertou também para o fato que “os processos da secularização e de uma mentalidade niilista generalizada, em que tudo é relativo, impactaram fortemente a mentalidade comum".
"Assim, a vida é vista sempre com leveza, sem ideais claros e esperanças sólidas, dentro das ligações sociais e familiares líquidas, provisórias. Sobretudo as novas gerações não vêm educadas para a busca da verdade e do sentido profundo da existência que supera o contingente, da sensibilidade dos afetos, da fidelidade".
"Pelo contrário –continuou o Papa- o relativismo leva a não ter pontos fixos, a suspeita e o volúvel causam rupturas nas relações humanas, ao tempo que a vida se vive em experimentos que duram pouco, sem assumir-se responsabilidade alguma".
O Papa explicou também que “o relativismo leva a não ter pontos fixos, suspeita e volatilidade que causam inconstâncias nas relações humanas, enquanto a vida é vivida dentro de experiências que duram pouco, sem assumir responsabilidades. (..) Não se pode dizer que os cristãos estão totalmente imunes deste perigo, com o qual somos confrontados na transmissão da fé”.
“O próprio cristão não conhece nem sequer o núcleo central da própria fé católica (...). Não está tão longe hoje o risco de construir, por assim dizer, uma religião “faça você mesmo”.
"Devemos, em vez disso, voltar a Deus, ao Deus de Jesus Cristo, devemos redescobrir a mensagem do Evangelho, fazê-lo entrar de modo mais profundo nas nossas consciências e na vida cotidiana”, assinalou Bento XVI.
“Nas catequeses deste Ano da Fé gostaria de oferecer uma ajuda para fazer este caminho, para retomar e aprofundar a verdade central da fé em Deus, no homem, na Igreja, em toda a realidade social e cósmica, meditando e refletindo sobre as afirmações do Credo.
"Conhecer Deus, encontrá-Lo, aprofundar o conhecimento de sua face põe em jogo a nossa vida, porque Ele entra nos dinamismos profundos do ser humano”, concluiu o Santo Padre.