PARIS, 22 de out de 2012 às 10:18
O Bispo de Gap e d’Embrun (França), Dom Jean-Michel di Falco Léandri, deplorou a transmissão do seriado televisivo "Assim sejam" (Ainsi soient-ils) que agride à Igreja Católica ao apresentar os seminaristas, sacerdotes, bispos e inclusive ao Papa, envolvidos em histórias de corrupção, alcoolismo, sexo, abortos e luta de poderes, entre outros temas.
Ainsi soient-ils é transmitida todas as quintas-feiras no canal Arte, um canal que se apresenta como "cultural". Os 8 capítulos que constituem a produção serão transmitidos até o dia 1º de novembro, dia que coincide com a celebração católica da Solenidade de Todos os Santos.
Em um artigo publicado em 11 de outubro, o Bispo que em maio de 2008 anunciou a aprovação por parte da Igreja das aparições de Nossa Senhora de Laus, comenta que viu os 8 capítulos do seriado "até o minuto final, como um dever".
O Bispo afirma que "a pergunta que temos que fazer depois de ver isto é: ‘E Deus, onde está em tudo isso?’ Claramente não foi levado em consideração nem no casting, nem depois, agora que o bom Povo de Deus que é a Igreja, será mais uma vez ferido por esta imagem da Igreja feita por ignorantes".
O Prelado comenta também que "a qualidade dos atores não está em discussão; porém, estão ao serviço de um cenário indigno deste nome. É tedioso, embora todos os ingredientes estejam presentes: sexo, adultério, dinheiro, corrupção, suicídio, aborto, alcoolismo, luta de poderes, conservadores e progressistas, luta de classes. Apesar de tudo, a "maionese" não fica no ponto devido às situações inverossímeis".
O Bispo diz também que no seriado se apresenta um conjunto de "aproximações lingüísticas, relações entre as pessoas à moda antiga, vestuários de outro tempo, frases feitas, vazias e pseudo-piedosas e paro de contar por aqui. Tudo isto faz com que a produção perca uma hipotética credibilidade".
Depois de recordar que o presidente da França, François Hollande, "pôs de moda a palavra ‘normal’", o Prelado assinala que quando a gente vê o seriado "se pergunta o que é o ‘normal’ nesta produção".
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Para "coroar" tudo, refere Dom di Falco, Ainsi soient-ils apresenta a um presidente da Conferência Episcopal da França "isolado, ambicioso, imbuído de poder, desalmado, calculador, que prepara uma campanha para sua reeleição ao estilo dos homens maus da política. Tudo sob a autoridade de um Papa carnavalesco, preguiçoso e mal-humorado, submetido à vigilância de uma religiosa bigotona que o droga… quando lhe prepara o chá".
O Bispo recorda também que nestes últimos tempos, "fala-se muito de caricaturas; há por todos os lados as de Maomé e do Islã, os cristãos tampouco se livram destas, porém estes fazem menos barulho (...) e não ameaçam ninguém a morte".
"Depois da difusão das séries Os Borgia e Inquisitio, agora vem ‘Assim sejam’, sobre a vida em um seminário! Depois de relatos com pretensões históricas sobre uma caricatura sobre o passado, temos um relato sobre uma caricatura do presente".
Certamente, prossegue o Bispo de Gap e d’Embrun, pode-se compreender o desejo de alguns de atacar o tremendo êxito do filme "De Deuses e Homens", que relata o martírio de um grupo de monges trapenses assassinados por ódio à fé por parte dos muçulmanos: "se este for o caso, não é mais que uma tentativa fracassada, porque está muito longe daquela, com esta mascarada carnavalesca".
De fato, diz o Prelado, "a visão da Igreja que aqui nos apresenta está de acordo às idéias de quem não a conhece. Em efeito, não esperava que a realidade fosse embelezada. Os homens permanecem homens, com suas debilidades, sua mediocridade. Os acontecimentos recentemente vividos, no círculo do mesmo Papa Bento XVI dão prova disso".
"Devido a que somos homens imperfeitos, a Igreja é frágil e vulnerável em sua humanidade, mas está fortalecida pelo Espírito de Cristo que a habita e a anima", ressalta o Bispo.